5 DE JUNHO DE 2015
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O que não se compreende é que, perante a importância deste processo legislativo, o Governo apresente
estas iniciativas, sabendo que a Assembleia da República tem pouco mais de um mês de tempo útil para
poder trabalhar.
Mas há pior. É que o Governo, no início de maio de 2012, criou um Grupo de Trabalho para a Agenda da
Criança, que apresentou relatórios. O Grupo Parlamentar do PCP, exatamente em junho de 2013, há dois
anos, requereu ao Governo que facultasse à Assembleia da República os relatórios produzidos por esse
Grupo de Trabalho, porque eram citados precisamente na resolução do Conselho de Ministros de 2013, que é
aqui também referida nos preâmbulos destas iniciativas legislativas. Portanto, estes relatórios estavam
preparados, existiam e foram citados em 2013, precisamente há dois anos.
A resolução do Conselho de Ministros de 2013 criou duas comissões, cujos relatórios tiveram um prazo de
180 dias para serem feitos, o que significa que, no início de 2014, esses relatórios deveriam existir e o
Governo, em junho de 2015, ou seja, dois anos depois de terem sido requeridos pelo PCP, e um ano e meio
depois de ter os relatórios das comissões que criou ao abrigo da resolução do Conselho de Ministros de junho
de 2013, o Governo apresenta três iniciativas legislativas sem se dar ao trabalho de facultar à Assembleia da
República um só destes relatórios que há muitos meses deviam estar elaborados.
Não podemos, pois, deixar de criticar o Governo, neste momento, pela ausência de condições de trabalho,
pela ausência de colaboração com a Assembleia da República para que este órgão de soberania possa dar a
este processo legislativo a atenção que deve ser dada e que não pode deixar de ser dada.
Pela nossa parte, teremos o maior empenhamento neste processo legislativo, mas muito lamentamos que
o Governo tenha praticamente boicotado as condições para que a Assembleia da República se possa
debruçar atentamente sobre estas matérias.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem agora a palavra a Sr.ª Deputada Inês Teotónio Pereira.
A Sr.ª Inês Teotónio Pereira (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, além de cumprimentar as Sr.as
e os Srs.
Deputados e os membros do Governo, queria saudar o Governo por este diploma, que reflete a concretização
de uma necessidade, há muito detetada, de simplificação e de agilização do regime de adoção, focando
sempre como prioritário o interesse da criança.
Mas, Sr. Ministro, as minhas questões centram-se no diploma que também aqui hoje debatemos sobre a
reformulação das CPCJ. E, a este propósito, queria aproveitar para fazer uma referência da mais elementar
justiça ao Sr. Juiz Conselheiro Armando Leandro, pela difícil tarefa que tem assumido há tanto tempo, com
uma energia e uma capacidade de entrega admiráveis e por ter sido inquestionavelmente um guardião dos
direitos da criança.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
Sr. Ministro, sobre as CPCJ, queria questioná-lo sobre a revisão que é feita, de que já falou aqui, da
organização, funcionamento e competências da Comissão Nacional e da sua consequente descentralização.
Sobre esta temática, o debate tem-se centrado, essencialmente, pelo menos na Assembleia da República, na
questão da requalificação. No entanto, esse assunto já foi devida e exaustivamente esclarecido. A minha
questão prende-se com problemas reais e concretos que têm sido suscitados e detetados por todos os que
trabalham diretamente nesta área e as matérias são, portanto, muito mais abrangentes e de fundo do que
aquelas que têm dominado aqui o debate.
A verdade é que é necessário, para melhorar e garantir o bom funcionamento e a eficácia das CPCJ, que
sejam concretizadas várias alterações, ou seja, que elas sejam mais profissionalizadas, descentralizadas e
autónomas, que sejam reforçados os mecanismos de controlo e de avaliação dos processos de forma a
garantir tanto a sua celeridade como a sua eficácia, que sejam simplificados os procedimentos e que a
Comissão Nacional veja ampliadas as suas atribuições, nomeadamente na possibilidade de realizar uma
estratégia nacional da criança.