12 DE JUNHO DE 2015
23
tomou medidas diretas de apoio às pessoas e às famílias mais carenciadas e tomou medidas diretas de apoio
aos desempregados.
A Sr.ª Presidente: — Sr. Deputado, acabou mesmo o seu tempo.
O Sr. Artur Rêgo (CDS-PP): — Irei mesmo concluir, Sr.ª Presidente.
O que é facto é que os mesmos senhores que há dois anos diziam que estávamos numa espiral recessiva
de desemprego e económica, hoje, apoiam-se nos resultados da governação deste País para proporem
medidas para futuro assentes totalmente em fantasias.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Peço, mais uma vez, aos Srs. Deputados que respeitem os tempos
regimentais.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira.
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: A dramática situação em
que se encontram milhares e milhares de portugueses remetidos à mais completa miséria, ao mesmo tempo
que uma pequena minoria de pessoas continua a acumular riqueza, é absolutamente inadmissível,
socialmente intolerável e a todos os títulos injusta e imoral.
Até podemos dar as voltas que entendermos, podemos puxar pela imaginação até à exaustão, mas há um
facto em relação ao qual não conseguiremos fugir: o drama da pobreza e o aprofundamento das
desigualdades sociais no nosso País são apenas e tão só o resultado das opções dos governos, sobretudo do
atual Governo PSD/CDS, mas também do anterior Governo do Partido Socialista.
É verdade que o problema da pobreza não é de hoje, mas também é verdade que o problema ganhou
dimensões verdadeiramente preocupantes a partir das políticas dos PEC do Governo do PS e que o atual
Governo PSD/CDS prosseguiu sem apelo nem agravo, sem dó nem piedade.
O Sr. Ferro Rodrigues (PS): — Saudosos!
O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — No anterior Governo do PS, o corte de metade do 13.º mês, os
cortes nos abonos de família, a restrição no acesso aos apoios sociais e os cortes nos salários e nas reformas
contrastaram com os recursos financeiros que continuaram a ser canalizados para a banca e para os grandes
grupos económicos.
Deixo um exemplo. Certamente que todos nos lembramos quando, em finais de 2010, o PS, o PSD e o
CDS não permitiram que as grandes empresas pagassem impostos sobre a antecipação de dividendos, que
decidiram distribuir em 2010 para não ter de pagar impostos em 2011.
O PS, o PSD e o CDS impediram, assim, que o Estado arrecadasse uns bons milhões de euros e
permitiram também um verdadeiro e colossal chico-espertismo aos acionistas das grandes empresas.
Preferiram cortar nos abonos de família, cujo corte, em 2011, foi exatamente de 250 milhões de euros, ou
seja, tanto quanto a PT e só a PT deixou de pagar ao Estado com essa antecipação de dividendos.
São opções e é de opções que falamos quando ouvimos o atual Governo PSD/CDS dizer que não há folga
para repor salários e pensões, mas arranjou folga para descer o IRC das grandes empresas. E não foi uma,
foram duas folgas, sendo que a primeira das quais, aliás, com a concordância do PS.
Para termos uma noção do que estamos a falar, com esta descida, a EDP, e só a EDP, deixou de entregar
ao Estado, num só ano, 40 milhões de euros em IRC.
São opções e é de opções que falamos quando ouvimos o Governo PSD/CDS dizer que não há dinheiro
para os abonos de família, para os apoios sociais ou para o meio milhão de pessoas desempregadas que não
tem acesso ao subsídio de desemprego, mas o Governo já tem dinheiro para o perdão fiscal ao Novo Banco,
um crédito fiscal que permitiu perdoar milhões e milhões de euros ao Novo Banco. Um prémio que este
Governo pretende atribuir um prémio a quem vier a ficar com o Novo Banco, um prémio com um valor muito
superior ao valor correspondente ao corte nos abonos de família que este Governo fez.