I SÉRIE — NÚMERO 99
14
Aplausos do PS.
Todos os indicadores que medem a desigualdade na distribuição do rendimento pioraram de acordo com
os últimos dados conhecidos. Os 10% dos portugueses mais ricos têm hoje 11,1 vezes mais rendimento do
que os 10% dos portugueses mais pobres — uma relação que, em 2009, era de 9,2 vezes. Note-se que o
coeficiente de Gini, que mede num único valor a assimetria na distribuição do rendimento, degradou-se no ano
de 2013 para 34,5%.
Dizia Passos Coelho, em dezembro de 2014: «Ao contrário do que era o jargão popular de ‘quem se lixa é
o mexilhão’, que são sempre os mesmos, desta vez todos contribuíram e contribui mais quem tinha mais,
disso não há dúvida». Os mais recentes indicadores económicos e sociais desmentem cabalmente esta
parábola do Primeiro-Ministro já que houve um agravamento da pobreza e das desigualdades.
Aplausos do PS.
Perante esta dramática situação de efeito da crise e da máxima de ir para além da troica que o Governo
adotou, o Ministro da Solidariedade apresentou, em agosto de 2011, um programa a que chamou Programa de
Emergência Social. Este Programa, inicialmente, era constituído por 49 medidas, passando, um ano depois, a
53 medidas que tinham como meta chegar a 3 milhões de pessoas e um pacote financeiro estimado em 400
milhões de euros. Estava também prevista uma avaliação semestral do Programa.
E nós perguntamos: onde é que estão os resultados das 53 medidas? Onde é que estão as avaliações
semestrais?
Aplausos do PS.
Onde é que está a avaliação final do Programa que terminou em dezembro de 2014? Foram abrangidos os
3 milhões de pessoas? Quais foram os impactos na estatística sobre o risco de pobreza?
Sabemos que, das medidas apresentadas, foram cumpridos os aumentos das pensões de valor mais baixo,
a disseminação das cantinas sociais e pouco mais. Mas também sabemos que, neste mesmo período, as
prestações sociais de combate à pobreza e à exclusão sofreram uma forte diminuição.
Aplausos do PS.
O número de beneficiários do RSI caiu abruptamente, assim como o número dos beneficiários do CSI e do
abono de família também sofreu diminuição. Estas diminuições no número de pessoas abrangidas por estas
prestações sociais, num momento de grande dificuldade para tantos portugueses e portuguesas, deveu-se à
introdução de regras que tiveram como objetivo limitar o acesso a estas prestações, com uma diminuição do
valor de referência do RSI para valores idênticos aos do ano 2008, ou, no CSI, com o aumento da idade de
acesso, que passou dos 65 para os 66 anos.
Aplausos do PS.
E foi assim, com uma encenação e muita publicidade, que o Governo cortou nos rendimentos de quem
menos tem, fazendo de conta que apresentou um grande programa que não é mais que nada, e a prova é que
a avaliação prevista continua a não aparecer.
Aplausos do PS.
Aumentou a dotação da ação social, é verdade, mas, como os números evidenciam, esse aumento não
teve impacto sobre o risco de pobreza, nem sobre as desigualdades na distribuição dos rendimentos no nosso
País, tendo-se verificado, mesmo, um retrocesso para valores de há umas décadas.