2 DE JULHO DE 2015
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A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr. Presidente, as Sr.as
Deputados dos partidos da maioria, do PSD e do
CDS, vieram aqui traçar uma realidade que não existe, porque, de facto, os problemas concretos que se
sentem nas escolas desmentem as vossas palavras.
Por exemplo, o Agrupamento de Escolas Tomaz Pelayo, em Santo Tirso, teve este ano mais alunos com
necessidades especiais referenciados e teve menos professores. Aliás, o PCP dirigiu uma pergunta ao
Governo em outubro do ano passado e o Ministério da Educação ainda nem se dignou a responder.
Ouvimos na Comissão de Educação, Ciência e Cultura pais dizerem que os seus filhos não têm
professores de educação especial e, por isso, as palavras que as Sr.as
Deputadas trazem aqui não
correspondem, de todo, à realidade sentida nas escolas.
Como é que as Sr.as
Deputadas podem dizer que estão, de facto, a defender uma escola pública e uma
escola inclusiva quando estão a atacar os direitos destas crianças? Quando, por exemplo, os apoios dos CRIS
são, muitas vezes, de 20 minutos por semana? Ou quando há turmas que têm 2, 3, 4 ou 5 crianças com
necessidades especiais? Ou quando não há sequer manuais em braille para as crianças que deles
necessitam?
No que respeita ao Decreto-Lei n.º 3/2008, percebemos perfeitamente a posição do PS, que foi, de facto, o
partido que o criou enquanto foi Governo. Trata-se de um decreto-lei criado há sete anos, que exclui milhares
de crianças e jovens dos apoios que necessitam, mas, pelos vistos, o PS, o PSD e o CDS convivem bem com
esse atropelo aos direitos fundamentais destas crianças.
Vozes do PCP: — Muito bem!
A Sr.ª Diana Ferreira (PCP): — Sr.ª Deputada Inês Teotónio Pereira, passos atrás foram dados, de facto,
com estas políticas que o Governo PSD/CDS implementou e que atacam os direitos fundamentais das
crianças.
Se há tanta preocupação com os direitos destas crianças e destes jovens, então, passem das palavras à
prática e aprovem a proposta do PCP nesta matéria.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Guilherme Silva): — Srs. Deputados, não havendo mais inscrições, vamos passar ao
próximo ponto da nossa ordem de trabalhos, que consiste na apreciação do relatório do Provedor de Justiça.
Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Lobo.
O Sr. João Lobo (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Apreciamos hoje o
Relatório Anual de Atividades do Provedor de Justiça relativo ao ano de 2014.
O relatório, composto por 200 páginas, mostra-se integrado ainda por doisextensos anexos:um que reflete
a atividade do Provedor, na qualidade de mecanismo nacional de prevenção, inscrito na sua função nacional
independente de monitorização de aplicação de tratados e convençõesinternacionais em matéria de direitos
humanos, de 44 páginas; e um outro anexo, que tem por epígrafe «Tomadas de posição»,composto por 288
páginas, o qual documenta fundadamente as muitas e distintas áreas e dimensões em que se inscreve a
atividade do Provedor de Justiça. Aí se evidenciam as queixas, os textos das recomendações, as orientações,
as sugestões, os pedidos de fiscalização de constitucionalidade respeitantes ao ano de 2014 (quatro) e suas
vicissitudes (dois já decididos e dois ainda por conhecer a decisão), e as tomadas de posição adotadas no
âmbito das suas competências e atribuições.
O relatório e os seus anexos refletem o extenso, diligente e acurado trabalho realizado na defesa dos
direitos fundamentais perante a atuação dos poderes públicos, máxime, por via da fiscalização da atividade
materialmente administrativa na sua multidimensionalidade substantiva.
A exigente e vastíssima atividade do Provedor, que se constitui em fundada demonstração ou discurso
sobre a «saúde» da comunidade política, exercita-se num tempo em que os Estados perderam parte
substancial das capacidades que integravam a sua antiga soberania e as formas regulatórias e operatórias
que se revelam, tantas vezes, desajustadas à premência e às complexas exigências da realidade.