I SÉRIE — NÚMERO 1
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A Sr.ª MarianaMortágua (BE): — O Sr. Deputado Hugo Lopes Soares veio também aqui fazer — e já se viu
muitas vezes isso acontecer — grandes críticas aos sorrisos, à linguagem, às palavras usadas pelo Primeiro-
Ministro. E a política? E as medidas políticas? E os rumos políticos? Parece que agora só discutimos o caso, o
casinho, a linguagem, o sorriso, a expressão e a política e as medidas políticas não entram no debate!
Risos do PSD.
Tenho a dizer-lhe, Sr. Deputado, que é com alguma estranheza que vejo o PSD focar-se em criticar o
Governo do Partido Socialista dizendo que está obcecado com o défice e que vive para o défice. Percebo que
essa seja uma crítica viável do ponto de vista do Bloco, não percebo é como é que essa pode ser uma crítica
feita pelo PSD, porque a consequência lógica dessa crítica é dizer que o Governo do PS consegue cumprir as
metas do défice tão bem como o Governo do PSD conseguia, mas consegue fazê-lo devolvendo rendimentos.
Portanto, isto só pode querer dizer mal do PSD, porque quer dizer que é possível fazer o mesmo em termos de
consolidação orçamental devolvendo rendimentos.
Pergunto: qual é a alternativa do PSD? Se o PSD quer cumprir as metas do défice mas não quer devolver
rendimentos, quer dizer que a alternativa é não devolver rendimentos? É deixar tudo como estava?
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr.ª Deputada, peço-lhe que termine.
A Sr.ª MarianaMortágua (BE): — É continuar na austeridade? Parece-me que é essa a alternativa, e é por
isso que não têm coragem de a enunciar. Nós temos uma alternativa e somos capazes de identificar execução
orçamental, o desemprego macroeconómico e dizer que, sim, o País precisa de uma reestruturação da dívida,
que, sim, o País precisa de mais investimento público. Mas nós temos os meios para o fazer. Dos senhores não
vem uma proposta que não seja mais austeridade.
Sr. Deputado, nas vossas Jornadas Parlamentares ouviram pessoas diferentes e fizeram vários debates,
pelo que aguardamos para saber se desses vários debates vão sair propostas para o orçamento do Estado
deste ano ou se, de facto, vamos continuar a ver um PSD com uma posição de inutilidade política em mais um
processo orçamental.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Hugo Lopes
Soares.
O Sr. HugoLopesSoares (PSD): — Sr. Presidente, começo por agradecer as questões colocadas pela Sr.ª
Deputada Mariana Mortágua e pelo Sr. Deputado Eurico Brilhante Dias.
De facto, percebemos hoje que o discurso que era do Bloco de Esquerda e do Partido Socialista já não existe
no que diz respeito ao modelo económico que defendiam e que motivou até o derrube, nesta Câmara, do
governo que saiu do voto popular nas últimas eleições legislativas.
Dizia nessa altura o Partido Socialista, secundado pelo Bloco de Esquerda e, diga-se, pelo Partido Comunista
Português, que a forma de reduzir o défice era haver mais crescimento económico — vínhamos de um
crescimento de 1,5 e o Partido Socialista chegou a propor crescimentos na ordem dos 2,5 no cenário
macroeconómico, que depois foi descendo. De resto, não me recordo bem se o Sr. Deputado Eurico Brilhante
Dias fazia parte dos tais economistas do cenário macroeconómico, mas creio que, com a convicção que tem
defendido e com os números que agora se conhecem, quase de certeza que não devia fazer parte mas concorda
em absoluto.
Mas dizia eu que a política do Partido Socialista era a de aumentar o investimento público e aumentar o
investimento privado.
Veja-se, Sr. Presidente, que o investimento público e o investimento privado têm diminuído abruptamente e
têm até dizimado o investimento e as políticas deste Governo.