29 DE SETEMBRO DE 2016
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Heitor Sousa.
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: O
PSD convoca-nos hoje para um debate sobre o investimento cuja importância é por todos reconhecida como
alavanca essencial do crescimento económico e do bem-estar social.
As notícias sobre a evolução do investimento realizado em Portugal são más, isso é indiscutível.
Vozes do PSD: — Ah!
O Sr. Heitor Sousa (BE): — De facto, os dados da conjuntura económica trimestral relativamente ao
investimento confirmam uma trajetória de redução da formação bruta de capital fixo que a todos preocupa e
interpela.
Mas essas más notícias não são de agora, já têm algumas barbas. Na verdade, essas notícias não são
exclusivas dos dois primeiros trimestres de 2016, já vêm de trás.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Muito bem!
O Sr. Heitor Sousa (BE): — Explicar por que é que essa trajetória do investimento acontece é, quanto a nós,
o mais importante, sobretudo tendo em conta que estamos a falar do comportamento de uma variável estratégica
como o investimento. Mas isso não interessa ao PSD e ao CDS. E porquê? Porque ao PSD interessa relevar a
chicana política e não uma interpretação correta dos factos.
Escamoteia-se, por exemplo, que quando se analisa uma variável como o investimento, cujos impactos mais
relevantes se situam num horizonte de médio e longo prazo, a mesma deve ser analisada em séries mais longas,
aconselhando-se prudência quando se trata de indicadores de conjuntura.
Protestos do CDS-PP.
O mais que se pode concluir é sobre tendências que os dados podem relevar. E o que é que esses mesmos
dados nos dizem? Duas coisas: primeiro, que a formação bruta trimestral, a partir do primeiro trimestre de 2015,
portanto, há cinco trimestres consecutivos, tem vindo a decrescer; segundo, que essa evolução tendencial está
em linha com a evolução do produto interno bruto, o que implica que o debate não pode ignorar as
responsabilidades do anterior Governo e das suas políticas na evolução da economia portuguesa no período.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Dito isto, valerá a pena recordar, tal como o Sr. Ministro da Economia tem tido ocasião de o dizer em sede
de comissão parlamentar, que o Governo PSD/CDS, porventura, por razões de incompetência e desleixo, deixou
uma pesada herança em matéria de projetos de investimento e de candidaturas integradas em programas de
financiamento comunitário.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Ou seja, em programas de financiamento comunitário, isto é um autêntico deserto.
Ora, quando não se faz o trabalho de casa, sem projetos, sem processos de candidatura aprovados, sem
qualquer dinâmica no desenvolvimento do programa Portugal 2020 e do Plano Junker, é compreensível que o
investimento, que está amplamente refém dos apoios comunitários, quer no setor privado, quer no setor público,
se ressinta fortemente.
Esta realidade é bastante preocupante, sem dúvida.
O Sr. Presidente: — Sr. Deputado, já ultrapassou o seu tempo.