29 DE SETEMBRO DE 2016
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Protestos do PSD.
Vou dar um exemplo de investimento público que vamos lançar, provavelmente a partir do próximo ano.
O Sr. Presidente: — Sr. Ministro, já ultrapassou o seu tempo.
O Sr. Ministro das Economia: — Vou já terminar, Sr. Presidente.
Vamos lançar 100 milhões de euros de investimento em eficiência energética com base em fundos do PO
SEUR (Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos), fundos que estavam
bloqueados porque faltava a transposição de uma diretiva.
Andou o anterior Governo mais de um ano a mandar decretos-leis que eram rejeitados e nós, em quatro
meses, negociando com as instituições europeias, conseguimos concluir isso e vamos agora lançar linhas para
investimento de 100 milhões de euros na Administração Pública, investimento que não só vai criar emprego e
ter efeitos multiplicadores como vai baixar a prazo, pela eficiência energética, a despesa pública.
É assim que se relança a economia.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Nesta primeira ronda de questões, tem a palavra o Sr. Deputado Luís Leite Ramos.
O Sr. LuísLeiteRamos (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Economia, V. Ex.ª acabou de nos falar de
um País e de uma economia imaginários. Com certeza que o seu discurso não foi sobre a economia portuguesa.
O Sr. Ministro acabou de fazer um exercício de ficção e, como qualquer exercício de ficção, devia ter adotado
aquela advertência que costuma estar no início dos romances cor-de-rosa e que diz «qualquer semelhança com
a realidade é mera coincidência».
Aplausos do PSD.
O Sr. Ministro, definitivamente, decidiu aderir ao estado de negação que o Sr. Primeiro-Ministro, contagiando
todo o Governo, resolveu iniciar nas últimas semanas — uma cavalgada sem saída. Aliás, acho que o Sr.
Primeiro-Ministro deve ter distribuído por todos os membros do Governo este bestseller de literatura de
aeroporto,…
Neste momento, o orador mostra uma fotocópia da capa do livro Como Mentir com a Estatística, de Darrell
Huff.
… que deve ser, neste momento, o manual de marketing político do Governo, porque, na verdade, todos os
dias ouvimos fazer exercícios de especulação e de mentira com as estatísticas que nós conhecemos.
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares (Pedro Nuno Santos): — Quem o conhece, pelos
vistos, é o senhor!
O Sr. LuísLeiteRamos (PSD): — Mas, Sr. Ministro, voltemos à realidade e falemos de factos. E quais são
os factos? Volvidos 10 meses do início de funções deste Governo, quando olhamos para o Programa do Governo
verificamos que a dimensão do fiasco da sua política e das suas opções económicas não podia ser maior.
Não há objetivo estratégico que esteja a ser cumprido, não há desiderato que esteja a ser realizado. Senão
vejamos, Sr. Ministro: sabe qual era o primeiro objetivo da política económica do Governo? Lembra-se?
Aumentar o rendimento disponível das famílias para relançar a economia. Não somos nós que o dizemos, é o
Programa do Governo!
E dizia mais: «Virar de página na política de austeridade, consagrando um novo modelo de desenvolvimento
e uma nova estratégia de consolidação das contas públicas, assente no crescimento e no emprego, no aumento
de rendimento das famílias e na criação de condições para o investimento das empresas.»