I SÉRIE — NÚMERO 6
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O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — As pessoas não se deixam enganar assim!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para encerrar o debate, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Justiça.
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Quanto à primeira questão, fui à 1.ª
Comissão e lá disse tudo, mostrei tudo e comprometi-me a continuar a mostrar. Portanto, hoje, efetivamente,
houve um lapso. Não há qualquer intenção de ocultar o que quer que seja. Cumpri sempre os meus
compromissos e, portanto, não há nenhuma razão para essa agitação.
Queria dizer-lhes o seguinte: o Governo, efetivamente, respeitou aquilo que são os eixos essenciais da
reforma de 2014, que, aliás, eram os mesmos eixos que constavam já da reforma de 2008. Esta é uma afirmação
que aqui faço…
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Estão a ouvir, Srs. Deputados?!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Ouçam, Srs. Deputados!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Deixem-me continuar a falar! Por favor, Srs. Deputados, peço que me deixem
continuar.
Como estava a dizer, esta é uma afirmação que aqui faço, mas quero indicar que isso não significa que não
se tenha alterado o caminho de aprofundamento das assimetrias no acesso à justiça para que a reforma de
2014 nos conduzia. É que a reforma de 2014, independentemente dos méritos que se lhe possam identificar, e
identificam-se, incorreu em erros, erros na execução e erros na conceção.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Como todas as reformas!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — Erros, porque partiu de um curto-circuito autorreferencial, que ignorou e
abandonou, sem qualquer avaliação, um projeto de reforma do mapa que estava em curso, sem lhe conhecer
os deméritos nem lhe identificar as virtudes.
Erros, porque, ao redimensionar as circunscrições, não acolheu qualquer referência com tradição judiciária
nem optou por um modelo de conciliação ou sentido de evolução do ordenamento do território. Os distritos, já
então feridos de morte, foram ressuscitados para o desenho das comarcas.
Erros, porque não teve em devida conta as pessoas e a dimensão simbólica dos tribunais na sua vida,…
O Sr. Jorge Lacão (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — … na estabilização das suas expectativas de paz, de justiça e de segurança.
Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não se corrige um erro incorrendo em outro. Seria péssimo que se
alterassem agora os eixos centrais da reforma, porque isso poria em crise a estabilidade do funcionamento de
todo o sistema.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Ministra da Justiça: — E é por essa razão que concretizamos uma intervenção corretiva, uma
correção que reajusta, aproximando da justiça de família e menores 850 000 cidadãos e da justiça criminal 240
000 cidadãos, sem abdicar, nunca, de critérios de racionalidade económica.
Aplausos do PS.
O Governo tem noção das dificuldades e não ignora os sacrifícios que estão a ser pedidos aos seus oficiais
de justiça, mas entende que é preciso reparar uma injustiça, pedindo a esses profissionais que partilhem os