I SÉRIE — NÚMERO 7
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travar, independentemente de serem os portugueses a perder. E ainda não clarificaram, Srs. Deputados — o
CDS ainda falará, mas têm toda a oportunidade para o fazer —, qual é a posição do PSD e do CDS face à
instrumentalização de sanções e normas da União Europeia para impor e fazer chantagem com os órgãos de
soberania e o povo português.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado João
Almeida.
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Miguel
Tiago, o contexto da intervenção que hoje aqui fez ficou muito claro na resposta que deu ao Grupo Parlamentar
do Partido Ecologista «Os Verdes», quando disse que a União Europeia não deixou de ter um projeto solidário
porque nunca o teve. Essa é toda uma visão do Partido Comunista Português, que sabe perfeitamente que o
projeto da União Europeia não surgiu por acaso. O projeto da União Europeia surgiu num contexto histórico em
que havia dois grandes blocos ao nível europeu e em que ambos os blocos prometiam essa prosperidade e
esse desenvolvimento económico.
Ora, passados todos estes anos, podemos perfeitamente avaliar o bloco que o Sr. Deputado subscreveria,
que era o bloco soviético, e as consequências que teve para os seus povos e para as suas economias, e aquilo
que foi o desenvolvimento dos países que optaram do lado democrático por construir a União Europeia.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — É bom termos a noção de contexto do que é que representa
uma coisa e do que é que representa a outra e sabermos que o Partido Socialista, à época, estava também do
lado daqueles que subscreviam o projeto europeu como grande alternativa àquilo que era o projeto de
desrespeito pelas liberdades individuais e de total fracasso económico, que era o projeto soviético por vós
subscrito.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. João Pinho de Almeida (CDS-PP): — E também é interessante ver que todos aqueles países que
estiveram subjugados pelo regime soviético quiseram mais tarde, ou ainda querem, aderir à União Europeia —
e por vontade dos seus povos, Sr. Deputado!
Assim sendo, o Sr. Deputado diz que estas medidas são impostas contra o povo português, lembre-se
também disso. É a vontade de muitos povos do Leste da Europa que continua a fazer com que queiram aderir
à União Europeia. Portanto, tem de perceber que a questão da União Europeia é uma questão de momento. E,
aí, que fique muito claro: o CDS rejeitou, desde o início, estas sanções. A Presidente do CDS teve oportunidade
de escrever uma carta claríssima sobre isso — e não agora, mas há dois meses quando o processo se iniciou.
Posso agora até reiterar que, relativamente à suspensão de fundos, essa medida não só é desadequada
como é estúpida. Do ponto de vista de quem a aplica, as instituições europeias, é não perceber que suspender
os fundos — que são um instrumento fundamental para um país conseguir recuperar economicamente e que,
até do ponto de vista europeu, são o dinheiro mais escrutinável pela Europa em termos de investimento público
nacional —, ter este tipo de atitude, não faz qualquer sentido.
Portanto, nós não somos só contra; nós explicamos por que é que somos contra e, desculpe a presunção,
explicamos melhor do que os senhores. É que os senhores vivem num quadro que é totalmente desligado da
realidade,…
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.