30 DE SETEMBRO DE 2016
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Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Jorge Costa.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, até ontem, tivemos 35
anos de conformidade absoluta dos governos de Portugal com os interesses do Estado espanhol e dos
acionistas da central nuclear de Almaraz, em toda a linha.
Foi a primeira vez que um Governo apresentou uma iniciativa concreta e deu garantias de ação junto do
Estado espanhol para que, sobre a continuidade do funcionamento e sobre a aplicação dos planos dos acionistas
e do Estado espanhol para a central de Almaraz, seja um posto, um travão e que o Estado português tenha voz
e algo a dizer sobre este processo.
Foi invocada a Convenção de Espoo, que reconhece o direito do Estado português, neste caso por impactos
transfronteiriços que são inegáveis no prolongamento da vida útil da central de Almaraz, a pronunciar-se, e,
portanto, que corram os trâmites deste processo de avaliação de impacte ambiental e de consulta pública.
A nossa grande preocupação tem a ver precisamente com a alusão que foi feita pelo Sr. Ministro, na audição,
às garantias de segurança que procurará obter junto do Estado espanhol, o que pressupõe que o Governo
mantém em aberto a possibilidade de aceitar ou de se conformar com a continuidade do funcionamento desta
central nuclear.
Ora, não há funcionamento seguro numa central nuclear. Não há funcionamento seguro numa central nuclear
obsoleta e caduca. Não há funcionamento seguro, sequer, numa central nuclear em vias de encerramento, pois
o processo em que ela é desmantelada é um dos mais complexos e mais perigosos da vida de uma central.
Portanto, mesmo que fosse decidido agora o encerramento da central nuclear de Almaraz, não haveria
garantias de segurança que pudessem ser dadas à população fronteiriça de Portugal, que é aquela que cabe
ao Governo português defender.
Sr.ª Deputada, tendo em conta o conhecimento e a alusão que fez à resolução aprovada por unanimidade
aqui, no Parlamento, que recomenda ao Governo que tome as medidas necessárias para o encerramento —
não é para as condições de segurança! — da central nuclear de Almaraz, pergunto-lhe como é que vê que pode
ser usada, pelas associações locais, pelas autarquias, pelos agentes económicos e pelos Deputados da
Assembleia da República, a oportunidade de avaliação do impacte ambiental, da consulta pública e deste
processo que agora se abre por iniciativa, e bem, do Governo português.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Faça favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. BrunoCoimbra (PSD): — Como é que vê que este processo que agora se abre pode ser aproveitado
para que haja um grande pronunciamento do País pelo encerramento imediato da central nuclear de Almaraz e
seja garantida a segurança das populações?
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Telmo
Correia.
O Sr. TelmoCorreia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia,
antes de me referir à utilidade da sua intervenção, não queria deixar de reconhecer a relevância do tema e, por
isso, cumprimento-a por esse facto. Ao trazer a debate este tema típico e importante sobre a ecologia, a Sr.ª
Deputada justifica a função, uma vez que é Deputada do Partido Ecologista «Os Verdes». Não estou, com isto,
a criticar; antes pelo contrário, estou a elogiar.
Sr.ª Deputada, quero dizer-lhe que, do ponto de vista do tema e da preocupação, estamos todos de acordo.
Por alguma razão, este Parlamento terá aprovado por unanimidade um projeto de resolução que pretende, até
mais do que o diálogo ou mais do que a negociação, o encerramento da central de Almaraz, o que é evidente.
Não nos cabe a nós definir, obviamente, a política energética dos nossos vizinhos, nem dos outros países
europeus — em Portugal, não usamos energia nuclear e, aliás, penso que a maior parte de nós, julgo que é