I SÉRIE — NÚMERO 7
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Ao contrário daquilo que habitualmente nos era dito, verificamos agora que o Conselho de Segurança Nuclear
espanhol veio assumir que havia falhas, entre elas no sistema de arrefecimento, e outras, o que até há pouco
tempo não assumia Ora, isso fez com que toda a pressão da opinião pública crescesse, bem como a pressão
do Governo português, no sentido de impor, com caráter de urgência, como foi referido pelo Sr. Ministro, uma
reunião para discutir o assunto.
No que se refere à construção do armazém para depósito de resíduos nucleares, não basta o parecer positivo
do Governo espanhol. É necessário Portugal pronunciar-se sobre o mesmo, não só pelo facto de estar
estabelecido como regra no acordo de Madrid, mas também pela proximidade desta central às fronteiras
portuguesas.
Portanto, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, o que lhe quero garantir, em nome do Partido Socialista, é que
acompanhamos esta preocupação e, como temos feito até agora, manter-nos-emos também em sentido de
alerta para que nada possa acontecer e que efetivamente a central nuclear de Almaraz, no melhor dos
resultados, possa vir a ser encerrada.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Coimbra.
O Sr. BrunoCoimbra (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia,
gostaria de cumprimentá-la por ter trazido este tema a debate, um tema em relação ao qual partilhamos a sua
preocupação. Aliás, ainda ontem, o PSD fez questão de o colocar como primeiro tema na audição ao Sr. Ministro
do Ambiente.
É verdade o que a Sr.ª Deputada diz. De facto, a central nuclear de Almaraz dista apenas 100 km da nossa
fronteira, a sua licença de exploração expirou em 2010, houve diversas notícias de incidentes nos seus reatores
nucleares e a verdade é que, de imediato, os grupos parlamentares alertaram o Sr. Ministro. Os Verdes, o PSD,
o Bloco, todos, de uma forma geral, alertaram o Sr. Ministro. Aliás, a Comissão de Ambiente desta Assembleia
da República aprovou, por unanimidade, uma resolução na qual instava o Governo a tomar uma posição perante
o Governo espanhol, no quadro das relações bilaterais Portugal-Espanha, mas a verdade é que, nas audições
seguintes, ouvimos o Sr. Ministro dizer que não estava a fazer nada no sentido de pressionar o encerramento
da central de Almaraz e que as informações que obtinha vindas de Espanha eram tranquilizadoras.
Mesmo sendo alertado por todos os partidos, mesmo sendo alertado com um projeto de resolução, que
aprovámos por unanimidade nesta Casa, o Sr. Ministro optou por ter uma postura de gambá, que é um animal
giríssimo que, perante uma situação de stress ou de perigo, se atira para o chão e se faz de morto à espera que
o perigo passe.
E, nas últimas semanas, surgiram mais duas notícias: uma, dizendo que em Almaraz estão a ser utilizadas
peças com falta de qualidade, e outra, como aqui já foi mencionado, dizendo que pode haver a montagem de
um armazém de resíduos nucleares.
Se o Ministro, que até aqui se fazia de morto, não ignorou todos os nossos avisos, agora já diz que o Estado
português intervirá e que Portugal sublinhará, junto do Reino de Espanha, os direitos que tem. Estas foram
palavras proferidas pelo Sr. Ministro na audição de ontem.
Depois disso, questionado sobre se vai dar seguimento à nossa resolução, volta à postura de gambá, volta
a reinar o silêncio. A verdade é que se trata de um Ministro que se faz de morto perante estas situações que
preocupam Os Verdes, mas que também tem um apoio inequívoco e sem hesitação de Os Verdes.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Faça favor de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. BrunoCoimbra (PSD): — Vou já terminar, Sr.ª Presidente.
Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, a questão que lhe coloco é a de saber como é que Os Verdes avaliam o
desempenho do Governo nesta matéria até agora e se estão satisfeitos com a postura do Ministro relativamente
a esta matéria.