30 DE SETEMBRO DE 2016
29
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Pior é impossível!
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Mesmo os mais céticos têm vindo a anunciar mais crescimento para
2017 do que em 2016, com o particular aspeto de que registam uma combinação economicamente virtuosa de
reforço do investimento e das exportações, dizendo mesmo o Banco de Portugal que, depois de um ano de 2016
onde se registaram eventos extraordinários ou não repetíveis em 2017, a economia portuguesa terá um
crescimento robusto das exportações, aumentando o grau de abertura da economia portuguesa, com diminuição
do desemprego, do défice das administrações públicas e do rácio de dívida pública no PIB.
Nunca é demais sublinhar: se há uma unanimidade em todas as análises que se fazem sobre a economia
portuguesa é a de que o ano de 2017 será melhor do que o de 2016, com mais crescimento, mais investimento
e mais exportações.
Mas estas expectativas não são obra do acaso.
Primeiro, tal como o PS sempre afirmou, num país fortemente endividado, com pouca margem para
investimento público e privado, a boa execução dos fundos comunitários é um aspeto fundamental. Dissemo-lo
em 2011, em 2012, em 2013 e em 2015. Alertámos para a necessidade de suportar de forma adequada a
transição entre quadros comunitários, mas, mais uma vez, como noutros domínios, o Governo PSD/CDS falhou
quer na programação, quer na regulamentação, quer mesmo nos elementos de gestão do sistema de incentivos,
que não se encontravam preparados para o arranque do Portugal 2020. A baixa execução financeira, quase
dois anos depois de ter começado este quadro comunitário, ilustra como o trabalho atempado não foi feito.
Deixo mais uma ilustração: as PME portuguesas esperaram um ano e meio pelos novos concursos para
projetos de internacionalização, esperaram dois anos por uma decisão e os primeiros pagamentos já foram feitos
por este Governo, em 2016. Dois anos de atraso! E dois anos de atraso sublinhados pelo Sr. Presidente da
República, ainda este mês de setembro.
O PSD e o CDS reclamam por mais investimento, mas aplicam, como ninguém, o lema «faz o que eu digo,
não faças o que eu faço», «faz como eu não fiz». É caso para dizer, Srs. Deputados do PSD e do CDS: bem-
vindos ao consenso do crescimento e do emprego, depois de quatro anos a defenderem o empobrecimento e a
austeridade custasse o que custasse. Bem-vindos a este consenso nacional!
Aplausos do PS.
Em 2017, será possível acelerar a execução de fundos comunitários. Depois do trabalho que tem vindo a ser
feito, podemos mesmo dizer que, depois daquilo que este Governo tem feito em 2016 para agilizar a execução
dos fundos comunitários e depois de alguns eventos, como a paragem da refinaria ou de uma linha de montagem
automóvel, o ano de 2017 será um ano com mais investimento e mais exportações. Mas será com mais
investimento e mais exportações por uma opção política deste Governo e por aquilo que está inscrito como
prioridade política no Programa do Governo e no Programa Eleitoral do Partido Socialista. E, infelizmente, só
não é um ano com mais investimento porque, em grande medida, a herança deste Governo foi uma execução
de fundos comunitários parada.
Sr.ª Presidente, Srs. Deputados: O Partido Socialista e o XXI Governo Constitucional apresentaram sempre
o investimento e a promoção da integração das empresas portuguesas nas cadeias de valor internacionais como
uma prioridade política.
O PS reafirma a sua confiança num país que cria oportunidades de investimento e criação de emprego, com
mais valor para o trabalho e para o capital, recusando a fatalidade do empobrecimento, da erosão dos direitos
do trabalho e da base fiscal como única forma de sobreviver aos desafios que o País enfrenta na economia
global e na pertença à área do euro.
Com o trabalho orientado — plasmado no Programa do Governo, no Programa de Estabilidade, no Programa
Nacional de Reformas e nas Grandes Opções do Plano (GOP) para o Orçamento e para o ano de 2017 —,
Portugal continuará na senda de criar condições para criar riqueza, investimento e emprego neste País.
O Sr. Primeiro-Ministro anunciou aqui as GOP, mas nós também sabemos que estas Grandes Opções do
Plano são uma contradição com aquilo que o PSD e o CDS propunham no Programa de Estabilidade de 2015-
2019. Nesse Programa de Estabilidade, era, mais uma vez, proposto o corte de pensões e era, mais uma vez,
proposto um ritmo de reposição de rendimentos mais lento do que aquele que este Governo está a executar.