I SÉRIE — NÚMERO 7
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O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — … mas não pode controlar aquilo que foi o exercício do vosso Governo
e de atores privados que tomam decisões legítimas no seu interesse.
Protestos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem de concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Eurico Brilhante Dias (PS): — Sr. Deputado, para concluir, relativamente à garantia sobre os impostos,
se há coisa que os portugueses sabem é que quem não pode dar garantia de não subir impostos é o CDS-PP
e o PSD. Os senhores fizeram o maior aumento de impostos de sempre, quando prometeram descer a carga
fiscal.
Protestos do PSD e do CDS-PP.
Os senhores, neste debate de aumento de impostos, são, de facto, os campeões. São os campeões do
aumento de impostos durante quatro anos.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Terminados os pedidos de esclarecimento ao Sr. Deputado Eurico
Brilhante Dias, vamos prosseguir com as declarações políticas.
Para proferir a declaração política do Bloco de Esquerda, tem a palavra o Sr. Deputado João Vasconcelos.
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Compõem a ria Formosa um
conjunto de ilhas-barreira — Faro, Culatra, Armona, Tavira e Cabanas.
O sistema lagunar da ria foi classificado, em 1978, como reserva natural, tendo posteriormente sido criado o
Parque Natural da Ria Formosa, em 1987, com o objetivo de preservar, conservar e defender aquele importante
património natural da região. Em 1999, adquiriu o estatuto de Zona de Proteção Especial, fazendo parte da Rede
Natura 2000 e integra ainda a lista de sítios da Convenção de Ramsar.
A ria Formosa é fundamental para a economia da região, seja através dos seus recursos naturais, como a
pesca, a aquacultura e o marisqueio, seja através da dinâmica do turismo. A preservação da ria Formosa é
essencial para a natureza, para a garantia da qualidade de vida e para o rendimento das populações, sendo
necessário compaginar a defesa ambiental com os interesses das populações residentes.
A proteção, conservação e valorização da ria Formosa não é incompatível com uma ocupação humana
controlada, regulada e responsável, pois complementam-se num equilíbrio necessário e sustentável.
Temos vários problemas a resolver na vertente ambiental. Na ria, temos hoje a descarga direta de efluentes
e de águas residuais de fossas sépticas instaladas na ilha da Armona e na Aldeia de Marim, o que potencia o
aparecimento de toxinas, levando à morte de peixes e bivalves. Degrada-se a ria e os prejuízos são enormes
para a fauna e flora e para a sustentabilidade económica e social das populações. A construção da nova ETAR
(estação de tratamento de águas residuais) é um passo positivo, mas não chega.
As dragagens, reclamadas pelos profissionais da pesca, mariscadores e viveiristas, são uma urgência pela
sua influência decisiva na renovação da água, garantindo a sua qualidade na produção de bivalves. Contudo, o
plano de dragagens promovido pela Sociedade Pólis é um tiro ao lado, pois pouco impacto terá na melhoria das
atuais condições de escoamento da água, dado que as intervenções previstas estão limitadas às barras artificiais
e aos canais de navegação.
A renaturalização das ilhas, para ser viável e eficaz, deve obedecer a um plano integrado que contemple o
tratamento sério e consequente de todos os efluentes lançados na ria Formosa, o desassoreamento das barras
de acesso à ria e a aplicação de medidas estruturais de combate à erosão costeira.
Falar de demolições e de deslocalizações de populações sem resolver as questões ambientais é não ver o
problema na globalidade.