30 DE SETEMBRO DE 2016
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Onde estamos hoje significa que os pescadores vão ver reconhecido o direito histórico a viver nas ilhas-
barreira. Na Culatra, onde vivem há mais de 200 anos, o Governo do Partido Socialista, com o apoio do Bloco
de Esquerda, do Partido Comunista e de Os Verdes, pela primeira vez, vai atribuir licenças aos pescadores, que
serão renováveis e transmissíveis aos filhos dos pescadores, coisa que nunca antes foi feita.
Aplausos do PS.
Na ilha do Faro, onde os senhores demoliram as casas, deixando os pescadores sozinhos, abandonados, o
Governo já se comprometeu a construir na zona legal um núcleo piscatório, com todas as condições de vida e
de habitabilidade, com condições para os pescadores, para o seu trabalho, coisa que os senhores não fizeram.
Portanto, está garantida a primeira habitação e a vida dos pescadores, mariscadores e viveiristas na ria
Formosa. Os senhores queriam exatamente fazer o contrário.
É tão excessivo defender a demolição de todas as casas, como os senhores fizeram, como é excessivo dizer
que tudo se resolve sem recurso a demolições. Pode haver demolições e o Partido Socialista sempre disse que
não há requalificação da ria Formosa sem o recurso a demolições. Onde? Onde há zonas ambientalmente em
risco, nas zonas que a própria Lei da Água define como zonas inundáveis. Não é admissível hoje, do ponto de
vista ambiental, defender a existência de casas em cima da duna primária e dentro de água.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Luís Graça (PS): — Vou concluir, Sr.ª Presidente.
O que o Governo hoje disse, no Diário de Notícias, é que as demolições estão confinadas às zonas de risco
ambiental, que preserva os núcleos dos Hangares e do Farol e reconhece o direito dos pescadores, coisa que
os senhores nunca, mas nunca, fizeram.
Aplausos do PS.
Quero terminar dizendo apenas o seguinte: as pessoas merecem todo o respeito. É tempo de não jogarmos
com a vida das pessoas lá de baixo, com os pescadores. É tempo de não fazer jogo duplo com os pescadores,
com aquelas pessoas humildes.
Aplausos do PS.
Vozes do CDS-PP: — Tem toda a razão!
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Vasconcelos.
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr.ª Presidente, também queria agradecer aos Srs. Deputados José Carlos
Barros e Luís Graça, do PSD e do PS, as suas intervenções.
Começando pela intervenção do Sr. Deputado José Carlos Barros, diria que algumas afirmações que aqui
utilizou, no fundo, são um grande insulto às populações, quando refere que «isto são foguetes de protesto».
Quando as pessoas lutam pela dignidade, pelo direito à vida, pelo direito à habitação, o senhor vem insultá-las
dizendo que estamos a lançar foguetes de protesto.
Vozes do BE: — Muito bem! É isso mesmo!
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr. Deputado, de facto, essa vossa declaração deveria ser recriminada e
o senhor deveria pedir desculpa às populações, que, com certeza, nos estão a ouvir em direto.
Protestos do PSD.
O PSD é que parece que tem andado a brincar com as populações.