I SÉRIE — NÚMERO 7
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Protestos do CDS-PP.
Quanto às questões colocadas pela Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os Verdes, naturalmente que
também estamos recetivos e iremos comungar dessas preocupações, sendo que o Bloco de Esquerda também
irá apresentar brevemente uma iniciativa legislativa sobre esta matéria.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Vamos prosseguir com a última declaração política.
Para o efeito, em nome do CDS-PP, tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa.
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Ouvimos dizer que o ano escolar
começou com normalidade porque os professores foram colocados. Ministério e sindicatos manifestaram-se
orgulhosos e satisfeitos.
Mas o ano escolar não começou com normalidade para os alunos do Agrupamento de Escolas Dr. Jorge
Augusto Correia, em Tavira, ou do Agrupamento de Escolas Afonso de Albuquerque, na Guarda, ou para os
alunos do PIEF (Programa Integrado de Educação e Formação) do Colégio do Campo, em Vila Nova de
Cerveira, ou do Agrupamento de Escolas Vieira de Araújo, em Vieira do Minho, ou do agrupamento de São
Gonçalo, em Torres Vedras, ou da Anacorensis, em Vila Praia de Âncora, e tantas outras escolas com contrato
de associação, ou para os alunos da EB 2,3, do Alto do Lumiar, ou do Jardim-Escola João de Deus, em Alvalade,
ambas em Lisboa, ou do Agrupamento de Escolas de Búzio, em Vale de Cambra, ou do Agrupamento de Escolas
de Maximinos, em Braga… E a lista poderia continuar.
E não sou eu que o digo. São os pais dos alunos destas escolas. São os dirigentes escolares da ANDE
(Associação Nacional de Dirigentes Escolares) e ANDAEP (Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos
e Escolas Públicas), é a CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais).
Os já mais antigos, como eu, certamente se lembrarão do teste do algodão. Pois é, Srs. Deputados, «o
algodão não engana», e até o Bloco de Esquerda se queixa no jornal i de que se «multiplicam os casos de
escolas com falta de funcionários», de onde resulta uma dramática ausência de qualidade da escola.
Afinal, o branqueamento que Governo e a FENPROF (Federação Nacional dos Professores) quiseram da
abertura deste ano letivo não passa no teste da realidade.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Rita Bessa (CDS-PP): — Está tudo tranquilo com a FENPROF? Parece que sim.
Mas está tudo bem para os diretores escolares? Não! Estão os auxiliares de educação colocados nas
escolas? Não! Estão os alunos com horários sem «furos» e faltas de professores? Não! Estão os alunos com
necessidades educativas especiais a ser verdadeiramente incluídos? Não! Estão todas as famílias com os filhos
na escola da sua escolha? Não! E está o Sr. Ministro sereno e tranquilo com tudo isto? Diz que sim. E isso é
que é preocupante.
Aplausos do CDS-PP.
Esperemos que não se torne normal para este Ministério não se preocupar ou, pior ainda, esconder os
problemas dos alunos.
Sr.as e Srs. Deputados, o Ministério da Educação não se pode transformar no «Ministério do Sindicato». Há
muito mais a fazer no sistema de educação e ensino do que cumprir uma agenda corporativa.
Aliás, o Sr. Presidente da República, na sua intervenção de abertura do ano escolar, no Conselho Nacional
de Educação (CNE), disse o seguinte: «Amiúde se esquece que sistema de ensino e sistema educativo são
realidades bem distintas e que pensar a educação só para o primeiro é ignorar protagonistas cada vez mais
importantes que também entram no segundo. (…) Ignorá-los é imaginar um mundo escolar fechado ou uma torre
de marfim política solipsista».