30 DE SETEMBRO DE 2016
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Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — As populações devem ter uma palavra. Nada pode ser imposto! É
um falhanço total não terem sido ouvidas. Ainda hoje estiveram na Assembleia da República os peticionários
que trouxeram esta matéria e cuja petição será discutida na Assembleia da República, por sua vontade, que
afirmaram claramente à Assembleia da República que nunca foram ouvidos em qualquer fase do processo. Isto
não se faz!
É por isso, Sr. Deputado João Vasconcelos, que gostava de anunciar aqui, publicamente, que Os Verdes
vão urgentemente apresentar uma iniciativa legislativa para que se suspenda o processo, para auscultar e
envolver as populações.
Qual é o receio de debater com elas? Qual é o receio de debater com as populações? É ouvi-las dizer que
há prioridades urgentíssimas na ria Formosa a que não se está a dar resposta, como, por exemplo, os problemas
de que o Sr. Deputado já aqui falou — as descargas de esgotos, o assoreamento da barra e da ria e a erosão
do cordão dunar — e que nada está a ser feito relativamente a essa matéria? É isso que temos medo de ouvir?
Que prioridades são estas? Que respeito é este pela população? E que respeito é este por uma área protegida
que se quer digna dos valores naturais e digna da participação e do bem-estar da população?
Quando chegamos às comissões, ouvimos todas as bancadas dizerem: «Não há áreas protegidas sem
populações».
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Queira concluir, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Vou terminar, Sr.ª Presidente.
E, depois, quando se tomam decisões, é isto! Não pode ser!
Por isso, Os Verdes têm de intervir rapidamente sobre esta matéria.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado João Vasconcelos.
O Sr. João Vasconcelos (BE): — Sr.ª Presidente, quero também agradecer aos Srs. Deputados que agora
colocaram questões, isto é, aos Srs. Deputados Paulo Sá, do PCP, Álvaro Castello-Branco, do CDS-PP, e
Heloísa Apolónia, de Os Verdes.
Relativamente às questões colocadas pelo Sr. Deputado do Partido Comunista Português, naturalmente que
também estamos preocupados com a situação e entendemos que todo este processo deverá parar e ser
analisado. As cartas que as pessoas estão a receber da parte da Sociedade Polis Litoral Ria Formosa, SA,
devem ser devolvidas, devem ser anuladas. É necessário um diálogo, caso a caso, e com todas as populações
envolvidas, tendo também em conta as declarações de responsáveis políticos, a saber do Sr. Primeiro-Ministro
e, ainda há poucos dias, do Ministro do Ambiente, na Comissão do Ambiente, quando disseram que a situação
iria ser analisada e que, nos próximos 15 dias, haveria uma conclusão. Portanto, também estamos preocupados
com isto e estamos recetivos a esta situação.
Sobre o que o Sr. Deputado Álvaro Castello-Branco referiu, todos nós sabemos para que serve o CDS. O
CDS serve para levar a destruição, serve para levar aquilo que todos nós sabemos ao Algarve, seja em
portagens, seja em demolições. Até presumo que o CDS deva estar contente, neste momento, porque sempre
defendeu estas tomadas de posição à revelia das populações.
Protestos do CDS-PP.
Ainda hoje, devia ter estado presente, por exemplo, na audição de representantes do movimento das
populações, pois ali iria certamente ser confrontado com declarações emotivas de pessoas que vivem
efetivamente os seus problemas e que os senhores negam, os senhores desprezam. Os senhores não querem
saber nada da vida das populações, nem dos seus direitos. Estão é interessados em destruir.