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I SÉRIE — NÚMERO 7

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O anterior Ministro do Ambiente sempre assegurou que todo o processo de demolições fosse feito em

coordenação com a população e as autarquias locais. No entanto, o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista

sempre demonstraram claramente a sua discordância com este programa, compactuando, assim, com a

existência das diversas construções ilegais, que são, na grande maioria, segundas habitações, ou seja, de férias.

Isto todos nós sabíamos, Sr. Deputado. O que não sabíamos e o que nos admira, e por isso compreendemos

a vossa desilusão, é que o Bloco de Esquerda aparentemente não soubesse, aparentemente desconhecia que

o seu parceiro de coligação, o Partido Socialista, que sempre votou ao seu lado na anterior Legislatura no sentido

de impedir a concretização daqueles projetos, nomeadamente a demolição de habitações ilegais nas zonas

protegidas, iria agora, no Governo, optar por cumprir programas necessários e urgentes para aquelas zonas

protegidas.

Sim, Sr. Deputado, pasme-se com esta questão: o Bloco de Esquerda, que até já fez anúncio de medidas a

incluir no próximo Orçamento do Estado, aparentemente não sabia que o Governo ia prosseguir com as

demolições sem qualquer consulta prévia da geringonça, ou seja, do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista

Português.

Quero também dizer-lhe que o CDS sempre teve, e mantém, a sua posição sobre este assunto. Não importa

que esteja no Governo ou na oposição, ou que sejam ou não anos de eleições autárquicas. Somos a favor —

éramos, somos e seremos — da valorização e da revitalização do nosso litoral. Outros, nomeadamente o Partido

Socialista, não.

E, Sr. Deputado, deixo-lhe apenas uma questão: afinal, para que é que serve, nesta questão, o Bloco de

Esquerda? É que, mais uma vez, Sr. Deputado — e, por isso, o senhor está desiludido, mas não é a primeira

vez —, o Partido Socialista e o Governo «passaram-lhe a perna», a si e aos seus eleitores. Para que é que

serve, afinal, o Bloco de Esquerda, Sr. Deputado?

Aplausos do CDS-PP.

A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa

Apolónia.

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado João Vasconcelos, o Governo

PSD/CDS, com o claríssimo apoio das bancadas do PSD e do CDS, na anterior Legislatura, iniciou este processo

das demolições na ria Formosa.

Tiveram uma profundíssima oposição da população e, curiosamente, ao contrário daquilo que o Sr. Deputado

Álvaro Castello-Branco agora acabou de afirmar — absolutamente ao contrário —, as populações nunca foram

ouvidas sobre esta matéria.

A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Exatamente!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Erro crasso! Não há renaturalização possível ou defesa de qualquer

área ou zona protegida sem a participação das populações.

O Sr. MiguelTiago (PCP): — Muito bem!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Tudo o resto será um erro crasso! Não é possível! Portanto, foi uma

coisa que foi imposta pelo anterior Governo.

Ora, Os Verdes, tal como o Bloco de Esquerda, sempre contestaram todo este processo e o resultado que

se adivinhava. E as populações também, de uma forma muito veemente, procuraram fazer ouvir a sua voz a um

Governo surdo, que não as queria ouvir.

É por isso, Sr. Deputado, que consideramos lamentável esta atitude do agora Ministério do Ambiente — e

também quero dizer-lhe isso, muito francamente, Sr. Deputado do Partido Socialista.

É que nós devemos respeito às populações e não há processo desta natureza que pudesse avançar ou que

se pudesse imaginar que avançava sem a consulta das populações, sem ouvir as populações.