30 DE SETEMBRO DE 2016
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Apelou também o Sr. Presidente a «que se vão dando passos que convertam sempre a educação em ponto
de encontro e não em arena de luta entre partidos ou parceiros sociais.»
Pois bem, é precisamente por isto que o CDS fez hoje entrar um projeto de lei que propõe alterar a Lei de
Bases do Sistema Educativo e que será debatido em agendamento potestativo na próxima semana.
A Lei de Bases, como sabem, faz 30 anos no próximo mês de outubro, justificando a necessidade de uma
revisão: por um lado, já não reflete as práticas atuais das escolas e, por outro, não oferece a necessária latitude
às práticas prospetivas dos próximos anos.
Com esta atualização, o CDS pretende convocar todos a um processo de consensualização para que a Lei
de Bases seja capaz de enquadrar não só o tempo presente mas, sobretudo, os próximos 30 anos de educação.
Propomos várias alterações no que respeita ao ensino não superior que se podem sumarizar em quatro
grandes ideias: a primeira é a estabilidade das políticas de educação por períodos de seis anos, desvinculando
as políticas dos ciclos eleitorais, para garantir maior previsibilidade às escolas e às famílias;
A segunda é a universalização da educação pré-escolar aos 3 e a obrigatoriedade aos 5 anos de idade, no
reconhecimento de que uma intervenção precoce é promotora de uma maior equidade no acesso ao sucesso
escolar, e, na mesma linha, a reorganização do ensino obrigatório em dois ciclos de seis anos, para eliminar a
excessiva segmentação que é potenciadora de insucesso;
A terceira é o reconhecimento na Lei dos conceitos de «autonomia» e de «descentralização», com o objetivo
de reforçar a aproximação da política educativa às pessoas;
A quarta é a criação de condições para a participação dos encarregados de educação na vida escolar dos
seus filhos e uma maior liberdade de escolha, por via da definição de uma rede pública de educação, integrada
por diversas escolas e diferentes projetos educativos, incluindo não estatais, contratualizados com o Estado.
António Barbosa de Melo disse, em 2007, no Conselho Nacional de Educação, sobre a Lei de Bases, que «A
Educação é uma obra de todos os portugueses, de todas as instituições e de todos os atores».
Sr.as e Srs. Deputados, é isto que vos propomos. Para a semana saberemos quem escolhe construir.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Inscreveram-se quatro Srs. Deputados, do PS, do PSD, do PCP e do
BE, para pedir esclarecimentos.
Tem a palavra o Sr. Deputado Porfírio Silva.
O Sr. Porfírio Silva (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Ana Rita Bessa, a sua intervenção tem dois
aspetos. Vou referir-me rapidamente ao primeiro e, depois, dedicar-me ao segundo.
Sobre a abertura do ano escolar, é muito simples: teremos de falar nisso mais calmamente, porque sei que
a Sr.ª Deputada não estava neste Parlamento, e eu também não estava, quando as aberturas do ano letivo do
Ministro Nuno Crato eram uma trapalhada atrás de outra trapalhada, e o CDS, nessa altura, não se importava
muito com isso. Nessa altura, estava tudo muito bem.
Mas, agora, quando os professores são colocados a tempo, quando há menos professores com horário zero,
quando se prepara a contratação de 450 assistentes operacionais — e são contratos, não remendos —, quando
arranca o programa de promoção do sucesso escolar, quando arranca novamente a educação de adultos,
quando se reinveste nas escolas, quando se faz tudo isso e quando se dialoga com os diretores, os professores
e as escolas, os senhores voltam à FENPROF, os senhores voltam aos contratos de associação, os senhores
voltam à pura ideologia. Mas, enfim, isso até já esperávamos.
Aplausos do PS.
Quanto à Lei de Bases do Sistema Educativo, aí, o caso é mais grave, Sr.ª Deputada. A Sr.ª Deputada
anuncia que, no próximo agendamento potestativo, daqui a meia dúzia de dias, é que vamos ver quem é a favor
disto ou daquilo, em matéria de Lei de Bases. Sr.ª Deputada, eu diria — e peço desculpa, tenho até muita
consideração por si — que, claramente, é uma extrema irresponsabilidade pensar que é assim que se constroem
consensos, que se constroem convergências, que se constroem acordos numa matéria essencial como a
educação.