8 DE OUTUBRO DE 2016
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No que diz respeito a Portugal, vale a pena recordar a Lei n.º 38/2004, que aprovou a lei de bases da
prevenção, habilitação, reabilitação e participação das pessoas com deficiência, através da qual se pretendeu
promover a igualdade de oportunidades e proporcionar as condições para o reconhecimento e a valorização das
pessoas com deficiência, designadamente através da sua melhor inserção na sociedade e integração efetiva no
mercado de trabalho.
Sr.as e Srs. Deputados, foi animados por muitos destes desideratos que os anteriores governos conferiram
prioridade às políticas públicas de apoio a pessoas com deficiência, e isso apesar das enormes dificuldades
económicas e financeiras que o País viveu, fruto da situação de quase bancarrota em que Portugal se
encontrava há cinco anos.
Apesar dessa situação, entre 2011 e 2015 foram tomadas diversas iniciativas, visando a promoção da
inclusão das pessoas com deficiência, entre as quais se oferecem apenas alguns exemplos.
No campo laboral, foram lançadas medidas ativas de emprego e foi dada formação profissional a mais de
5000 pessoas com deficiência e reabilitação profissional a mais de 18 000 pessoas, o que representou, neste
âmbito, um reforço na ordem dos 50% em relação à situação existente só em 2011.
Já no que se refere a apoios às pessoas com deficiência, apesar das consabidas dificuldades do País, os
Governos PSD/CDS-PP reforçaram em mais de 3,5 milhões de euros, relativamente a 2011, as dotações
financeiras para a atribuição de produtos de apoio para pessoas com deficiência, o que só nesse domínio
representou um aumento na ordem dos 35%. E poderíamos aqui hoje falar de muitos outros exemplos onde os
anteriores governos investiram bastante do seu trabalho ao nível desta política pública.
Nesse sentido, sendo este um debate da maior relevância, não poderia, ao terminar, deixar de referir que o
que os anteriores Executivos fizeram nesta matéria foi sempre no sentido de entender esta política pública como
uma política que se deseja sempre o mais imparcial e que não se deixe influenciar por querelas ideológicas.
Mas, ao assistir ao debate desde o seu início, não posso deixar de recordar que esta matéria, que hoje
estamos a abordar, foi trazida a esta Câmara por um dos partidos políticos que compõe a coligação parlamentar
que suporta o Governo. E é curioso constatar — e poderia dar outros exemplos — que a este respeito temos o
exemplo de uma situação reconhecida por um dos partidos políticos dessa coligação parlamentar, o PCP, a
propósito de um corte que o Governo fez de 30% no apoio financeiro ao funcionamento da Associação Nacional
dos Deficientes Sinistrados no Trabalho, a única ONG (organização não-governamental) para pessoas com
deficiência que presta serviços de apoio diverso àquela população.
O PCP, por um lado, apoia o atual Governo, mas, por outro, defende o financiamento que o anterior
Executivo, liderado pelo PSD, e em coligação com o CDS-PP, deu àquela associação de deficientes, contradição
que, se não se referisse a um assunto grave, até poderíamos considerar irónica.
Por isso, Sr.as e Srs. Deputados, o PSD entende que o Governo deve continuar o seu esforço de não
secundarizar esta política pública e não deve, por complexo ideológico, interromper o esforço e o trabalho dos
anteriores governos, que não reduziram os apoios financeiros que estes não deixaram de prestar às pessoas
com deficiência, bem como às suas organizações representativas.
Os portugueses, e em especial aqueles que são portadores de deficiência, não merecem, nem compreendem
agora que a austeridade parece ter acabado, que o Governo lhes reduza alguns apoios que os anteriores
Executivos, apesar da situação de emergência nacional, lhes fora concedendo.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria da Luz
Rosinha.
A Sr.ª MariadaLuzRosinha (PS): — Sr. Presidente, Sr. Ministro do Trabalho, Solidariedade e Segurança
Social, Sr.ª Secretária de Estado da Inclusão das Pessoas com Deficiência, Sr. Secretário de Estado da
Educação, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.as e Srs. Representantes de instituições na área da deficiência, Minhas
Senhoras e Meus Senhores: Em 2009, na Assembleia da República, foi aprovada, por unanimidade, a retificação
da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência da Organização das Nações Unidas.