20 DE OUTUBRO DE 2016
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Primeiro, relativamente ao Fudo Europeu para os Investimentos Estratégicos e Juventude, vulgo a ampliação
do chamado «plano Juncker», é absolutamente essencial, sobretudo neste momento em que ele é alargado,
prever uma distribuição geográfica equilibrada dos projetos a financiar e um acesso garantido por todos os
Estados-membros. Não é possível que este plano, que cumpre uma necessidade de investimento, acabe por
concentrar o investimento nos países economicamente mais fortes, acentuando as assimetrias nas economias
da União Europeia.
Por fim, relativamente à relação com a Rússia, e não sabendo ainda, neste momento, os desenvolvimentos,
que esperamos positivos, que possam ter as iniciativas em curso, e não obstante a apreensão com que temos
vindo a registar o agravamento das relações com a Rússia a propósito do conflito com a Síria, entendemos que
seja desejável, tão breve quanto possível, passar da fase do conflito para a da maior cooperação e parceria, de
modo a permitir à União Europeia ter uma atitude e uma abordagem positivas na redução de sanções, que são
economicamente indesejáveis para a União Europeia, quando o clima de cooperação e de diálogo se revela
necessariamente mais frutuoso do que o da confrontação.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Morgado, do Grupo
Parlamentar do PSD.
O Sr. Miguel Morgado (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados: Lendo
as conclusões provisórias do Conselho Europeu, fica-se com a ideia que o texto poderia ser, de alguma forma,
intitulado «Europa: medos e hesitações». E, mais: lendo o texto, percebemos que as hesitações começam já a
ser consequência desses medos, e esse é um caminho nada recomendável.
É inegável que há questões que são urgentes. O problema das migrações é um problema urgente, e
apoiamos medidas que estão lá plasmadas, como o reforço das fronteiras externas, a formação de uma estrutura
partilhada de guarda costeira ao dispor dos Estados-membros ou o auxílio aos países onde está retida a maioria
desses migrantes. Tudo isso é importante e tudo isso é urgente, mas isto não pode ser usado como um pretexto
para multiplicar hesitações e até paralisias.
Senão, veja-se: no segundo ponto — e o Sr. Primeiro-Ministro já referiu isso — aparece a questão do
comércio externo, a política comercial da União Europeia, o acordo de comércio com o Canadá, o acordo de
comércio com os Estados Unidos da América, e por aí adiante. Ora, o tom e a linguagem em que estas
conclusões foram escritas é ultradefensivo, é até receoso.
Uma coisa é dizer-se, e todos nós concordamos, que o comércio praticado pela União Europeia com o resto
do mundo tem de reger-se por regras equitativas e de reciprocidade. Não há dúvida nenhuma quanto a isso.
Mas o tom e a linguagem adotados vão muito além destas naturais preocupações, são uma rendição, ou, se
não quisermos ser tão excessivos, uma cedência às forças políticas europeias que pugnam e promovem o seu
fechamento e, portanto, o seu declínio. Já estamos a pagar os custos desta paralisia provocada por estes medos
europeus.
O Governo, e o Sr. Primeiro-Ministro disse-o agora mesmo, mantém a sua posição de apoio ao acordo de
comércio com o Canadá e, se assim vier a ser concluído, ao acordo de comércio com o Estados Unidos da
América. E foi até mais longe, dizendo que aprovaria acordos de comércio com o Mercosul ou com o Japão.
Muito bem, mas esse é um ponto em que há divergência com os camaradas da extrema-esquerda que apoiam
o Governo — apoiam-no em tudo o resto menos neste ponto.
Mas também tenho de fazer um aviso ao Sr. Primeiro-Ministro e ao Governo em geral: um governo que está
absolutamente indisponível para fazer reformas estruturais, para promover a competitividade da nossa
economia, que reverte as reformas estruturais do passado, que assusta os investidores e rasga contratos, que
desconfia da iniciativa privada e dos aforradores e promove, ou pelo menos estimula, uma agenda ideológica
de hostilidade perante a livre concorrência e a economia social de mercado não está a preparar o País para
esses acordos de comércio. Isto é, não está a preparar o País para recolher todos os benefícios que, na opinião
do PSD, esses acordos de comércio teriam se a economia estivesse a ser reformada e com maior dinamismo.
Vozes do PSD: — Muito bem!