20 DE OUTUBRO DE 2016
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Porém, da mesma forma lhe digo que tem a integral oposição do Bloco de Esquerda aos salários dos gestores
da Caixa Geral de Depósitos.
Aplausos do BE.
Não é aceitável para o Bloco de Esquerda que uma administração da Caixa Geral de Depósitos deva ter
salários milionários. Nós não vamos discutir, como a direita, se o Presidente do Conselho de Administração da
Caixa deve ganhar quatro ou cinco vezes o que ganha o Primeiro-Ministro e se esse salário deve ser
determinado por salários anteriores ou pelo mercado. É, pura e simplesmente, inaceitável que os gestores da
Caixa Geral de Depósitos tenham salários milionários.
O Sr. Duarte Filipe Marques (PSD): — É inaceitável!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Se um salário ao nível de Primeiro-Ministro e a própria consciência da
responsabilidade das funções não são suficientes para garantir a qualidade e o desempenho na administração
da Caixa Geral de Depósitos, então, nada será, porque não acreditamos que a Caixa Geral de Depósitos e o
seu conselho de administração tenham mais responsabilidades do que um Primeiro-Ministro ou um Governo.
Assim sendo, a Assembleia da República será confrontada novamente com esse tema, porque para o Bloco
de Esquerda este não é um assunto encerrado.
Aplausos do BE.
Sr. Primeiro-Ministro, queria, agora, falar de um dos pontos da agenda do Conselho Europeu que nos
preocupa imenso. E devo dizer que, depois de ouvir a sua intervenção, não ficámos mais sossegados e que,
depois de ouvir a intervenção do PSD, muito menos.
Parece-me que nunca aprendemos nada sobre o que tem acontecido com os tratados e os acordos a que
Portugal se submete.
Entendamo-nos: o acordo comercial com o Canadá, o chamado «CETA» (Comprehensive Economic and
Trade Agreement) é um acordo que retira soberania ao nosso País, retira ao País capacidade de intervir em
matérias tão importantes como a legislação laboral, o ambiente ou a saúde pública. Quem tenha alguma dúvida
sobre esta matéria, lembre-se que, por causa de um acordo semelhante, a multinacional de tabaco Philip Morris
processou o Governo do Uruguai quando este quis impor medidas de saúde pública para combater o tabagismo.
Vozes do PSD: — Não é igual!
Vozes do BE: — É exatamente igual!
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Estes acordos comerciais são muito mais do que acordos comerciais, eles
retiram soberania ao nosso País. E o acordo comercial com o Canadá, o CETA, é, de facto, o acordo comercial
com os Estados Unidos da América, o TTIP (Transatlantic Trade and Investment Partnership), a entrar pela
janela, porque as manifestações contra o TTIP eram bastante fortes à porta.
Aplausos do BE.
Sabemos bem que as multinacionais americanas, que quiseram o TTIP, têm sede também no Canadá.
Portanto, o acordo com o Canadá é exatamente o mesmo que o acordo com os Estados Unidos da América.
Ora, o que estes acordos comerciais fazem é retirar soberania ao nosso País, e isso é inaceitável.
Lembro, para quem acha que o discurso do Conselho Europeu é ultradefensivo quando nós o achamos
verdadeiramente imprudente, que o parlamento da Valónia, uma região da Bélgica, já disse que não aceita a
ratificação pela Bélgica deste acordo. O Tribunal Constitucional alemão já veio dizer que tem muitas dúvidas e
que este acordo não pode ir assim, sem mais, para a frente.