I SÉRIE — NÚMERO 22
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O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, esta proposta do Bloco de Esquerda, que, aliás, merece
o acordo do Governo, pretende alargar a lei contra a precariedade. Trata-se, no fundo, de um mecanismo de
regularização dos falsos recibos verdes que queremos alargar a falsas bolsas, falsos estágios, trabalho
clandestino e dissimulado, para que todos estes trabalhadores possam ter um contrato de trabalho.
Esta ação especial implica a responsabilização da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e do
próprio Ministério Público pela garantia do reconhecimento dos contratos de trabalho a estas pessoas e cria um
mecanismo de proteção contra o despedimento entre a inspeção da Autoridade para as Condições do Trabalho
e a decisão do tribunal.
Pode fazer a diferença na vida de milhares de pessoas. É preciso que, para isso, os precários se sirvam
deste mecanismo, façam denúncias e se organizem contra o abuso. E é preciso, sobretudo, que os 80 inspetores
que estão a ser recrutados pela Autoridade para as Condições do Trabalho entrem rapidamente em atividade e
que a própria ACT reforce as suas ações inspetivas.
Trata-se, no fundo, do mesmo pressuposto que existe no processo de regularização dos precários do Estado
que discutimos ontem: não ficar à espera e garantir que ninguém é deixado de fora.
Empresa a empresa, serviço a serviço, organismo a organismo, os precários têm de se fazer ouvir e exigir
que lhes seja feita justiça.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Passamos à apreciação do artigo 130.º — Gratuitidade dos manuais escolares.
Tem a palavra a Sr.ª Deputada Ana Mesquita, do Grupo Parlamentar do PCP.
A Sr.ª Ana Mesquita (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, em
matéria de educação, o PCP apresentou e contribuiu decisivamente para várias propostas no sentido da
construção e defesa da escola pública, de uma escola pública verdadeiramente democrática que esteja ao
serviço do povo e do desenvolvimento do País.
Assinalamos o alargamento da gratuitidade dos manuais escolares aos alunos do 1.º ciclo, que resulta da
intervenção do PCP e que vai abranger 370 000 crianças. É uma importante medida de combate às assimetrias
e às desigualdades sociais, que abre uma perspetiva de futuro mais justa em termos de acesso e sucesso
escolares.
Outra proposta que também aqui trazemos é a da redução gradual do número de alunos por turma, processo
a iniciar no ano letivo de 2017/2018 e que, considera o PCP, vai contribuir fortemente para a melhoria da
qualidade do ensino e para a promoção do sucesso escolar. Trata-se da concretização de uma medida já
assumida como compromisso político e que urge implementar.
Outra proposta que consideramos ser da mais elementar justiça prende-se com a reposição dos apoios de
ação social escolar às visitas de estudo dos alunos do ensino não superior que sejam beneficiários dos escalões
A e B. Estes apoios foram eliminados durante o Governo PSD/CDS, o que significou uma discriminação e uma
segregação dos alunos com menores condições económicas no acesso a visitas de estudo.
No que concerne ao ensino superior, destacamos ainda as propostas para entrega de dissertações, trabalhos
de projetos, relatórios e teses apenas em formato digital e para impedir o aumento do valor das propinas. São
propostas que o PCP aqui traz, tendo em conta a atual situação e a necessidade e urgência do combate ao
empobrecimento e à elitização do acesso e frequência do ensino superior público.
O PCP entende que não devem ser agravadas as condições já existentes, mas reafirmamos também que a
gratuitidade de todos os níveis e graus de ensino é um elemento indispensável de uma política de
desenvolvimento e progresso do País.
Aplausos do PCP, do BE e de Os Verdes.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Maria Augusta Santos, do Grupo Parlamentar do PS.
A Sr.ª Maria Augusta Santos (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, todas as famílias com crianças
e jovens em idade escolar sabem muito bem os sacrifícios que fazem no início de cada ano letivo para fazer