I SÉRIE — NÚMERO 22
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O Sr. Presidente: — Tem a palavra, no âmbito da discussão do artigo 137.º — Regulação do setor do gás
de petróleo liquefeito, o Sr. Deputado Hugo Costa, do Grupo Parlamentar do PS.
O Sr. Hugo Costa (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados, queria
sublinhar, em primeiro lugar, aquilo que este Orçamento conquista na área de energia, baixa de preços e
sustentabilidade, com os mecanismos da garantia de potência que serão, certamente, aprovados.
Em relação ao gás de botija, este ainda representa cerca de 75% do consumo feito pela população
portuguesa, especialmente pela população mais desfavorecida. Uma regulação mais eficiente permitirá,
certamente, uma baixa de preços. Não é aceitável que o preço do gás natural baixe, em média, 20%, quer para
as famílias, quer para as empresas, e não baixe para o gás de botija, consumido pelos portugueses mais
desfavorecidos. Por isso, é também crucial a proposta do Governo para colocar na ERSE (Entidade Reguladora
dos Serviços Energéticos) a regulação do gás de botija.
No contexto de debate na especialidade, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista apresenta uma proposta
para ficar ainda sujeito à regulação da ERSE o setor dos combustíveis, dos derivados do petróleo e dos
biocombustíveis.
Reconhecemos a existência de legítimas dúvidas sobre o mercado de concorrência no setor, por isso esta
alteração vai permitir economias de escala, melhor regulação e, certamente, mais eficiência no mercado, o que
permitirá uma baixa dos preços dos combustíveis.
Acreditamos que esta alteração será positiva, quer para as empresas, quer para os consumidores. Por isso,
o PS continuará, em conjunto com o Governo e com os seus parceiros, a trabalhar para a baixa dos preços na
energia, como fez com a tarifa social, que abrange hoje mais de 700 000 famílias que conseguem assim ter uma
baixa dos preços. Continuaremos, portanto, a trabalhar neste sentido.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Passamos à discussão do artigo 139.º — Obrigação de incorporação.
Tem a palavra o Sr. Deputado Luís Leite Ramos, do Grupo Parlamentar do PSD.
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as e Srs. Deputados,
aproveito este momento para fazer uma breve intervenção sobre os vários artigos que foram avocados
anteriormente.
Relativamente às rendas excessivas na energia, é sempre com um espanto enorme que a bancada do PSD
ouve estas declarações. É que a falta de memória, de decoro e, até, de pudor, quando o Governo ou o Partido
Socialista falam em rendas excessivas, não pode deixar de espantar. Não tem limites!
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — É que, cada vez que VV. Ex.as falam de rendas excessivas, deviam pôr a
mão no peito em sinal de arrependimento, porque se há desequilíbrios, se há um problema grave, se há défice
tarifário na energia, foi porque governos do Partido Socialista os criaram, ao longo de vários anos. E, neste
momento, a situação que se vive deve muito ao Governo PSD/CDS-PP, que cortou em mais de 4000 milhões
as rendas no setor e criou condições para baixar substancialmente o défice.
O Sr. Jorge Duarte Costa (BE): — O défice aumentou sempre!
O Sr. Luís Leite Ramos (PSD): — Ora, Srs. Deputados e Srs. Membros do Governo, se o Governo entende
ir mais além no corte das rendas excessivas, se entende ir mais além num esforço de equilíbrio e de
sustentabilidade, pois vão, com certeza, sigam o exemplo do Governo anterior. Mas vão longe e façam-no,
sobretudo, com legalidade, com sentido de responsabilidade e cumprindo os contratos, as garantias que o
Estado, como pessoa de bem, assinou com todos os operadores do sistema.