I SÉRIE — NÚMERO 34
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A realidade é uma só: não é sério dizer que estes balcões são tribunais.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Apelamos, por fim, ao Sr. Primeiro-Ministro e à Sr.ª Ministra da Justiça
para ouvirem os operadores judiciais, para escutarem os magistrados, os funcionários judiciais e, sobretudo,
para se absterem, de uma vez por todas, de truques publicitários que só podem maltratar esta área de soberania.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Apelamos ao Governo para cessar com a infeliz pantomina
eleitoralista em que estão a transfigurar uma evolução da reforma do mapa judiciário com bastantes pontos
positivos e que não merece ser estragada.
Aplausos do PSD.
Esta higiénica inversão de marcha que aqui solicitamos…
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado, tem de terminar.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Vou terminar, Sr. Presidente.
Como estava a dizer, esta higiénica inversão de marcha que aqui solicitamos poderá constituir o primeiro
degrau de uma união de propósitos para a justiça, correspondendo aos apelos do Sr. Presidente da República,
aos anseios dos portugueses e para a qual o PSD se declara totalmente disponível. Porque o PSD leva a justiça
a sério!
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Sr. Deputado Carlos Abreu Amorim, inscreveram-se quatro
Srs. Deputados para pedir esclarecimentos. A Mesa aguarda indicação sobre como deseja responder.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Sr. Presidente, respondo, primeiro, a dois Srs. Deputados e, depois,
a outros dois Srs. Deputados.
O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Muito bem.
Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Deputado Carlos Abreu
Amorim, os estudos dizem-nos que a memória é sempre objeto de reconstrução, de construção… É sempre
assim. Não há memórias quimicamente puras, é bem verdade, mas uma coisa é isso, outra coisa é a truncagem
da memória, a seleção manipuladora da memória. E, na verdade, aquilo que agora mesmo acabámos de ouvir
é um exercício que vem truncar a nossa memória coletiva relativamente àquilo que são o movimento e as
disponibilidades, digamos assim, do sistema de justiça.
Diz o Sr. Deputado que não há qualquer reabertura de tribunais. Mas, Sr. Deputado, vou citar-lhe 20 nomes.
Ei-los: Sever do Vouga, Penela, Portel, Mêda, Monchique, Fornos de Algodres, Cadaval, Bombarral, Castelo de
Vide, Mação, Boticas, Ferreira do Zêzere, Tabuaço, Resende, Armamar, Sabrosa, Murça, Paredes de Coura,
Sines, Mesão Frio. Vinte nomes de concelhos cujos tribunais foram encerrados pelo Governo do PSD e do CDS.
Vozes do BE: — Muito bem!
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Portanto, Srs. Deputados, podemos estar aqui claramente a discutir a
intensidade dos poderes que cabem, ou devem caber, a todos os tribunais. Estamos totalmente à vontade para