13 DE JANEIRO DE 2017
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Aliás, já o dizíamos mesmo antes de semelhante posição ter sido assumida pelo Tribunal de Justiça da União
Europeia, decisão essa que saudamos.
Nesta, como em tantas outras matérias, o CDS valoriza o Parlamento e quer que esta discussão aconteça
também no plano parlamentar. Por isso mesmo, é importante lembrarmos que este Parlamento já fez, pelo
menos, três debates públicos sobre esta matéria, já fez várias audições regimentais com membros do Governo,
quer do anterior, quer do atual, e fez até um debate de urgência especificamente sobre esta ratificação
parlamentar.
Deste modo, não acompanhamos as críticas das bancadas mais à esquerda que dizem que o Parlamento
não tem estado presente nesta discussão. Achamos que esta crítica diminui o trabalho que o Parlamento tem
feito.
Aliás, a última vez que discutimos este tema em Plenário foi por ocasião do debate preparatório do Conselho
Europeu realizado em outubro, discussão essa feita com o Sr. Primeiro-Ministro. Nessa altura, lembrámos que
o acordo comercial entre a União Europeia e o Canadá esteve muito perto de bloquear, esteve muito perto de
ruir e de não se realizar, mas, felizmente, a Europa não se rendeu às forças populistas, às forças extremistas,
protecionistas, anticapitalistas, antiglobalização, antieconomia de mercado, que em muitos sítios da Europa são
representadas pela extrema-direita e, em Portugal, são representadas pela esquerdas mais extremas.
Felizmente, conseguimos ultrapassar essa matéria.
É importante lembrarmos que o Canadá tem padrões de proteção social, laboral, ambiental e que o Canadá
tem o mesmo nível de regulação económica dos padrões europeus. Nesse sentido, se a União Europeia não se
entender com o Canadá, dificilmente se entenderá com qualquer outro País para poder firmar acordos desta
natureza e desta dimensão.
Para nós, o que aqui está em causa é, acima de tudo, uma matéria pragmática: saber se com este acordo
podemos dinamizar a economia da Europa e a economia de Portugal ou se, pelo contrário, este acordo diminui
a nossa economia.
Entendemos que, mesmo com os riscos e com as questões que nos preocupam, este acordo ajuda a
dinamizar a nossa economia e é um erro reduzir-se este debate a um combate ideológico.
Para nós, esta não é uma questão de ideologia, é uma questão de economia. E colocar a União Europeia à
margem do processo de globalização é uma ideia perigosa, errada e populista que condenamos, e dizemo-lo
muito claramente ao Partido Ecologista «Os Verdes», ao Partido Comunista e ao Bloco de Esquerda.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para uma segunda intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís
Ferreira.
O Sr. JoséLuísFerreira (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sr. Deputado Pedro Mota Soares,
no nosso projeto de resolução defendemos a ratificação por parte da Assembleia e o Sr. Deputado também a
defende. Por isso, não percebo a sua última observação.
Sr. Deputado Costa Neves, dizer que houve transparência neste processo só se for sob reserva mental.
Sr.ª Deputada Lara Martinho, sobre o sistema de solução de litígios, apesar de ter um novo nome, ICS, o
CETA mantém as piores partes do modelo ISDS (Investor-State Dispute Settlement) e até amplia
consideravelmente a sua posição geográfica. Aliás, o parecer da Associação Europeia de Juízes é muito claro
quanto a esse propósito.
Seria bom que ouvíssemos o que diz a DECO, que alerta para a necessidade de a Assembleia da República
rejeitar o CETA.
Especialistas independentes da ONU instam os Estados a rejeitar o CETA porque irá diluir os padrões
ambientais, a segurança alimentar e a proteção na saúde e no trabalho.
Um outro ex-relator especial da ONU alerta para o facto de o CETA proibir os municípios de prosseguirem
as suas políticas de contratação pública local como forma de fomentar a economia e o emprego locais.
Portanto, é preciso rejeitar o CETA e impedir que o CETA possa entrar em vigor ainda provisoriamente sem
que os Estados se pronunciem e, no que diz respeito a Portugal, sem a Assembleia da República fazer a
respetiva ratificação ou rejeitá-la, como Os Verdes pretendem.