19 DE JANEIRO DE 2017
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Portanto, Sr. Ministro, gostaria que nos dissesse que planos tem para o metropolitano de Lisboa e, em
particular, para a reposição das quatro carruagens da linha verde, até que seja possível a circulação de comboios
com seis carruagens após a conclusão das obras da estação de Arroios.
Sr. Ministro, na segunda-feira passada, estivemos reunidos com os trabalhadores da Carris Bus. Estes
trabalhadores, que, aliás, deviam pertencer à Carris, desde logo porque a Carris não pode operar sem reparação
e sem manutenção, trabalham em piores condições e com salários mais baixos do que os trabalhadores da
Carris. Segundo o que pudemos apurar, o conselho de administração desta empresa recusa-se a assinar
qualquer documento que vise a contratação coletiva, perpetuando, assim, a precariedade e os salários baixos.
Recordo, a este propósito, que o Orçamento do Estado para este ano estabelece o primado da contratação
coletiva para as empresas do setor empresarial do Estado. Portanto, é necessário acautelar este princípio
mesmo antes de a Carris passar para a autarquia, como é pretensão do Governo.
Sr. Ministro, pergunto-lhe se o Governo está a ponderar dar orientações para que os trabalhadores da Carris
Bus possam, pelo menos, beneficiar do acordo de empresa que hoje é da Carris.
Aplausos de Deputados do PCP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Ministro do Ambiente, que junta o tempo que tem atribuído para
esta ronda ao tempo que tem disponível para fazer a intervenção de encerramento. Espero, pois, que não utilize
todo o tempo que tem disponível.
Tem, então, a palavra o Sr. Ministro do Ambiente.
O Sr. MinistrodoAmbiente: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Luís Leite Ramos, acho que há um mínimo de
complexo judaico-cristão que perpassa pelo comum dos portugueses, mas, de facto, esse complexo não o afeta
minimamente, porque V. Ex.ª repudia por completo qualquer responsabilidade do seu partido e do anterior
Governo quanto à situação dos transportes coletivos, o que não me parece, do ponto de vista intelectual, um
exercício de seriedade.
O PSD nada investiu, o PSD gerou um modelo que prejudicava o serviço público, mesmo do ponto de vista
financeiro, que já comentarei.
O exemplo que o Sr. Deputado deu sobre a Carris é uma afronta intelectual. Sr. Deputado, em que modelo
é que a dívida histórica ficava por conta de quem viesse a explorar? De que forma, sem degradar, a níveis
miseráveis, o serviço, é que é possível pagar com a operação essa mesma dívida histórica, dívida essa que
resulta exclusivamente da acumulação — e mentiria se dissesse que era só do Governo anterior — de um
passivo em que ninguém pagou as obrigações de serviço público.
De facto, é mesmo uma afronta intelectual quando V. Ex.ª diz que o modelo, que foi aprovado, publicado e
já promulgado pelo Sr. Presidente da República em decreto-lei, é um modelo em que os contribuintes são
obrigados a pagar.
Ó Sr. Deputado, é tão assim que é exatamente o contrário…! É que é mesmo exatamente o contrário, e não
há volta a dar! É evidente que a dívida do passado, como, aliás, nas subconcessões que os senhores tentaram
fazer — e não haveria outra maneira — seria paga pelos contribuintes. Ora, a única forma de não prejudicar
ainda mais os contribuintes é garantir que não é com a operação do futuro que essa dívida será paga, porque,
de outra forma, o que seria mau tornar-se-ia ainda pior, e, como é normal, como em todas as outras autarquias
deste País, a autarquia de Lisboa e as seis autarquias onde a STCP presta serviço público passarão a pagar as
obrigações de serviço público.
Sr. Deputado Hélder Amaral, não vou usar adjetivos, mas é um facto que, sim, seria a nova empresa
concessionária a comprar autocarros. E os autocarros velhos, autocarros que podiam ser a diesel, que seriam
obrigatoriamente a diesel, evidentemente, Sr. Deputado, teriam de ser pagos, na parte que não estava
amortizada, no final da concessão e de uma maneira que só prejudicava os contribuintes, por uma razão muito
simples: é que o modelo de amortização dos autocarros que VV. Ex.as desenharam é um modelo linear, ou seja,
quando eles viessem a ser pagos o valor contabilístico que tinha de ser pago era muito maior do que o valor real
dos autocarros.