19 DE JANEIRO DE 2017
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No desafio global de combate às alterações climáticas, no qual Portugal, indesmentivelmente, está na
liderança mundial — uns quiseram ir além da troica, o nosso objetivo é estar na linha da frente do cumprimento
do Acordo de Paris —, reduzir emissões significa, sem dúvida, melhorar a eficiência do transporte e promover
junto das populações soluções de uma muito maior sustentabilidade.
Temos bem presente que os transportes representam 15% do custo do orçamento das famílias e que é a
maior despesa logo a seguir à habitação. É por via do sistema de transportes que a maior parte de nos acede
ao emprego, à educação, aos serviços públicos.
Garantir a acessibilidade em todo o território deve ser, por isso, um fator de particular atenção para todos
nós, privilegiando o transporte público e criando alternativas reais à utilização de veículo próprio baseado em
modos coletivos e partilhados é uma das formas mais rápidas de reduzir os custos dos transportes e, com isso,
aumentar o rendimento das famílias.
Sr.as e Srs. Deputados: Não desvalorizamos nenhum dos problemas com as carruagens avariadas no
metropolitano de Lisboa. Com certeza é um facto importante, que temos de discutir, mas discutir a empresa é,
de facto, fazer mais do que isso e, assim, convido-vos a refletirem com o Governo sobre o quadro geral, o quadro
que interessa aos lisboetas, mas também aos portuenses e a todos os outros habitantes metropolitanos e no
resto do País.
A política do Governo é, inequivocamente, dar prioridade às pessoas e isso significa que queremos que todos
tenham acesso ao transporte público e que estamos empenhados em apoiar essa decisão, a começar por quem
mais precisa.
Por essa razão, alargámos o Passe Social + a todo o País e vamos recuperar o Sub23, por sugestão gerada
neste mesmo Parlamento, sem condição de recursos, a nível nacional, permitindo aos jovens um acesso ao
transporte público em condições mais competitivas.
Mas também pensamos nas famílias e com o Orçamento do Estado para 2017 as famílias passam a poder
deduzir 100% do valor do IVA dos passes, ou seja, 6% desse valor dos passes, ficando, assim, o transporte
público mais barato e mais acessível para todos.
Com estas decisões aumentamos, de forma significativa, o apoio do Estado ao setor e, ao contrário do
passado, a todo o País.
Também sabemos que temos de fazer diferente e para fazer diferente teremos de criar soluções
diferenciadas e atores diferenciados. É por isso que a nossa política se foca em dar prioridade à inovação.
A pensar na descarbonização retomamos o caminho da mobilidade elétrica, potenciando não só a aposta de
Portugal nas renováveis e, portanto, em soluções de transporte de reais emissões zero, mas também
potenciando aquela que é, inequivocamente, a mobilidade do futuro com custos operacionais cada vez mais
competitivos.
Ainda no domínio da descarbonização promoveremos um dos maiores apoios públicos às frotas de transporte
rodoviário alguma vez lançado em Portugal e do qual já fui falando ao longo das minhas intervenções. Serão 60
milhões de euros que servirão para colocar em todo o País mais de 500 autocarros novos e todos eles com alta
performance ambiental.
A pensar nas zonas de baixa densidade criámos a regulamentação de transporte flexível e com esta
regulamentação é possível com custo muito baixo, como já o fazem hoje concelhos como Mação, Sardoal,
Abrantes, levar o transporte público à população que vive em zonas isoladas, criando acessibilidade e
promovendo a inclusão.
A pensar nos centros urbanos abrimos portas à inovação. Enviámos para esta Casa aquilo que consideramos
ser uma regulamentação moderna, que protege os consumidores, que protege os trabalhadores e que impõe
obrigações sem privilegiar classes.
É uma forma de oferecer novos produtos que as pessoas, inequivocamente, procuram.
Mas, Sr.as e Srs. Deputados, precisamos de atores diferentes, precisamos das cidades, dos municípios, dos
autarcas. A política deste Governo é aqui também, inequívoca, e descentralizar é uma palavra da maior
relevância. Por isso, incorporámos no Orçamento do Estado para 2017 a dotação necessária para o Fundo para
o Serviço Público de Transportes e temos o IMT (Instituto da Mobilidade e dos Transportes) a trabalhar de forma
ativa na capacitação destes atores municipais e supramunicipais.