19 DE JANEIRO DE 2017
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O Sr. Francisco Rocha (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Desde o passado mês de outubro
que temos tido oportunidade de, quase diariamente, falar, ouvir falar, ler opiniões, emitir opiniões e discutir o
cenário florestal português e o seu futuro.
Por isso, as iniciativas que hoje debatemos nesta Câmara não podem ser desligadas da reforma do setor
florestal que este Governo tomou como tarefa prioritária, estando prestes a culminar a fase de discussão pública.
O conjunto vasto de medidas incluídas nessa reforma não será a panaceia para todos os males, mas quer
ser parte das respostas aos problemas oportunamente identificados aquando da elaboração do Programa do
Governo, e quer, muito justamente, atuar no que já tarda fazer, iniciando um novo ciclo que promova
vincadamente a extensão florestal e a gestão ativa e inicie um processo para a identificação simplificada da
propriedade, aumentando simultaneamente a oferta de terra a quem pretenda investir no setor agroflorestal.
Ou seja, essa reforma, que apoiamos claramente, assume, sem tibiezas, uma visão holística e uma
perspetiva integrada de tudo aquilo que pode concorrer para o sucesso ou para o insucesso da floresta
portuguesa. Não trata isoladamente a questão dos apoios financeiros ou dos benefícios fiscais para os
produtores florestais.
Deste modo, e levando em linha de conta o conteúdo dos diplomas que hoje debatemos, somos obrigados
a perguntar qual é a mais-valia, qual é o ganho estrutural em tratar, isoladamente, mais apoios financeiros e
benefícios fiscais para este setor, quando continuamos a não saber quem é quem numa mancha florestal que é
detida, em mais de 90%, por privados e comunidades rurais.
E, já agora, o que podem acrescentar estas iniciativas, ao tratar, isoladamente, esta questão dos apoios
financeiros e benefícios fiscais, quando temos um longo caminho a percorrer no que toca à criação e ao fomento
das sociedades de gestão florestal, por forma a reforçar o aumento da produtividade e rentabilidade dos ativos
florestais e melhorar o ordenamento do território, acolhendo a evolução organizativa das zonas de intervenção
florestal?!
Por último, não podemos deixar de perguntar se não deram conta de que o pacote legislativo da reforma das
florestas já contempla e propõe um novo e amplo quadro de incentivos e isenções fiscais para o setor florestal,
no âmbito das boas práticas silvícolas e da defesa da floresta contra incêndios, promovendo a rendibilidade dos
ativos e tornando mais atrativa a silvicultura.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Não podemos nem devemos ignorar a realidade. Fazer de conta que
não existe uma reforma florestal em curso não é, certamente, justo, quando sabemos que a dita reforma
pretende ser participada, abrangente e equilibrada e que, cumulativamente, promove a coesão, o
desenvolvimento rural, o crescimento económico e a sustentabilidade ambiental do nosso País, querendo
contribuir para que a nossa floresta se torne diversa e duradoura.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Ainda para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Carlos Matias.
O Sr. Carlos Matias (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Sem dúvida que o tema da floresta é complexo
e exige uma abordagem variada e alargada.
Mas, para o PSD, o problema da floresta resume-se a uma palavra que tem um valor quase cabalístico:
eucalipto, eucalipto! Todo o milagre vem do eucalipto!… «O eucalipto dá riqueza! O euca lipto promove o
ordenamento! O eucalipto é o futuro! O eucalipto traz-nos o paraíso!» — para o PSD, o eucalipto é tudo, o
eucalipto é a floresta!
Para nós, não é assim! O eucalipto é, de facto, um problema! O cultivo extensivo e a monocultura do eucalipto
são um problema que tem de ser resolvido. Por isso, nós privilegiamos a floresta autóctone, porque já há
eucaliptos que cheguem! Por isso, nós privilegiamos o apoio aos pequenos proprietários, porque os outros já
receberam muitos subsídios e muitos apoios! É este o sentido do nosso projeto de resolução e é este o sentido
que, pelos vistos, infelizmente, o PSD nunca vai conseguir perceber.
Aplausos do BE.