I SÉRIE — NÚMERO 45
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O Sr. Maurício Marques (PSD): — Quero dizer-lhe, para terminar, que a proposta que foi feita pelo Governo
que o senhor apoia só aqui chegou porque tivemos a maior época de incêndios dos últimos tempos e isso
também é responsabilidade vossa, porque, em devido tempo, avisámos para a falta de prevenção florestal.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, de Os
Verdes.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, quero, em nome do Grupo
Parlamentar de Os Verdes, saudar o Sr. Deputado Carlos Matias pelo tema que trouxe nesta declaração política.
Queria dizer-lhe que, infelizmente, Sr. Deputado, não é, de facto, possível falar hoje de floresta sem falar de
fogos florestais. E sempre que falamos de fogos florestais, falamos da necessidade de a componente de
prevenção crescer, para ajudar, inclusivamente, a componente de combate. Mas, para isso, é preciso que
existam e se implementem políticas que invistam nessa componente da prevenção. Ora, uma delas, de acordo
com todos os relatórios dedicados à matéria dos fogos florestais e a esta componente de prevenção que já
foram aprovados na Assembleia da República, é uma questão fulcral, que é justamente a da criação de uma
floresta mais resiliente, que não forme a dimensão dos fogos florestais a que, infelizmente, temos assistido em
todas as épocas de fogos.
Sr. Deputado, nesse sentido, é fundamental apostar nas espécies autóctones e diminuir a área de eucalipto.
Esta é uma questão a que Os Verdes têm dedicado uma profunda atenção e, justamente por isso, na posição
conjunta que assinámos com o Partido Socialista, fizemos questão de que esta matéria ficasse escrita. Nesse
sentido, aquilo que se acordou foi que não havia aumento da área do eucalipto, justamente no sentido de apostar
nessa resiliência e na maior propagação, digamos assim, das espécies autóctones.
De facto, consideramos, tal como o Sr. Deputado, que agir, por um lado, nesse sentido, mas apostar, por
outro lado, num investimento forte, já anunciado pelo Governo, na indústria das celuloses, designadamente na
produtividade do eucalipto, acaba por ser uma contradição.
O Sr. Presidente: — Sr.ª Deputada, peço-lhe para concluir.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Termino, Sr. Presidente.
Não conseguimos perceber este anúncio por parte do Governo e quero também dizer que estamos agora
num beco ainda com uma saída mais curta. Porquê? Porque o anterior Governo fez questão de dar machadas
fortes na floresta portuguesa, designadamente com o regime de arborização e rearborização em que promoveu
a expansão do eucalipto, cortando 150 milhões de euros no PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural),
portanto, num investimento mais sustentável para a floresta.
O Sr. Presidente: — Tem mesmo de terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Foram políticas muito nefastas, mas agora importa iniciar um novo
ciclo.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra a Sr.ª Deputada Júlia Rodrigues, do Grupo
Parlamentar do PS.
A Sr.ª Júlia Rodrigues(PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, saudamos, naturalmente, o Deputado
Carlos Matias e o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda por trazerem a este debate o tema da floresta e da
reforma florestal, dada a importância que o mesmo tem no contexto nacional.
É de salientar que, na reforma participada das florestas, 10 dos 12 diplomas foram objeto de uma discussão
pública ampla, divulgada e participada, que terminou ontem mesmo, como referiu o Sr. Deputado Carlos Matias.
Temos de enfrentar a questão do cadastro rústico. Podemos referir que não estão identificados os
proprietários de 90% da propriedade rústica. Temos de alavancar a gestão profissional das florestas, atuando