I SÉRIE — NÚMERO 46
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O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Já em relação à proposta do Bloco de Esquerda, ainda que possa ser
sustentada, como fez o Sr. Deputado José Manuel Pureza, com alguma sensibilidade e algum coração, convém
que percebamos que contempla riscos muitíssimo importantes. De resto, nesta matéria, para não me citar a mim
mesmo e para não reproduzir o discurso que fiz há uns meses, vou citar um outro Deputado que falou sobre
este mesmo assunto e cujas palavras, na minha opinião, são sábias.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Palavras breves. Sábias, mas breves, Sr. Deputado.
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, são brevíssimas palavras do então Sr. Deputado Pedro
Silva Pereira. Dizia o então Deputado: «O projeto do Bloco de Esquerda é todo ele um convite à imigração ilegal
e clandestina».
A Sr.ª Vânia Dias da Silva (CDS-PP): — Muito bem!
O Sr. Telmo Correia (CDS-PP): — Ou seja, permitir que crianças, filhas, por exemplo, de um imigrante ilegal
— apesar do facto de, circunstancialmente, estarem ilegalmente em Portugal — sejam automaticamente
portuguesas é todo um erro. Devemos estimular a imigração legal e não a imigração ilegal. E, ao mesmo tempo
que falamos dos riscos dos populismos, convém que não sejamos irresponsáveis, porque, sendo irresponsáveis,
damos fundamento aos populismos que por aí vão nascendo.
Aplausos do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, volta a ter a palavra o Sr. Deputado José
Manuel Pureza, do Bloco de Esquerda.
O Sr. José Manuel Pureza (BE): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Muito brevemente, queria dizer
que o Sr. Deputado Telmo Correia fez uma contraposição — que conhecíamos, aliás, de outros protagonistas
políticos — entre decisões de coração e de razão. A isso contraponho a necessidade de decisões de justiça,
porque é disso que se trata, na verdade.
Ou seja, esta é uma batalha que se tornou cada vez mais essencial, nos tempos tão de chumbo que estamos
a viver nesta mesma matéria. Todos os defensores dos direitos humanos estão convocados a tomar posição
nesta matéria, e é isso que queremos fazer.
Para terminar, Sr.ª Presidente, registo com muito agrado o acolhimento de princípio que foi colocado por
diversas bancadas. Nesse sentido, temos todo o interesse que esta proposta faça o seu caminho na
especialidade e criaremos condições para que assim seja.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para concluir este debate, tem a palavra, para uma intervenção, o Sr.
Deputado Carlos Páscoa, do PSD.
O Sr. Carlos Páscoa Gonçalves (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.as Deputadas: Há um estudo
da Universidade de Toronto, no Canadá, que prova que a verdadeira ligação da diáspora com Portugal é feita
pelos netos de portugueses no exterior.
A Prof.ª Manuela Marujo fez as entrevistas com os vários netos e ficou surpreendida por, no início, eles se
referirem única e exclusivamente aos avós e não aos pais.
Não é de hoje que nós, que andamos pela diáspora, confirmamos isso. É uma realidade que os netos se
consideram mais portugueses, defendem Portugal, defendem a tradição e são verdadeiros embaixadores nas
áreas económica, política, jurídica e nas artes. Aliás, em Portugal consideramos como grande um
lusodescendente quando o encontramos num cargo elevado nos Estados Unidos da América, por exemplo.
É por essa razão que não desistimos de dar uma oportunidade para equilibrar a situação dos netos. Se
tivermos dois netos de portugueses nascidos no exterior, descendentes do mesmo avô, um pode ter a