I SÉRIE — NÚMERO 60
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se centra em aspetos institucionais, muitos deles, aliás, com uma enorme artificialidade, e poucas vezes dá
atenção àquilo que é essencial na vida e no quotidiano das pessoas.
Sobre a justiça, ao longo destes 40 anos, houve muitos debates bastante apaixonados sobre diversos temas.
Mas, nestes 40 anos, em política de justiça, nada de mais importante foi feito do que a reforma do Código Civil
de 1977.
Aplausos do PS.
Permitam-me, aqui, evocar a memória de um homem, que, aliás, honrou esta Assembleia da República e
prestigiou a vida política portuguesa como seu Presidente, que era, então, Ministro da Justiça, o Dr. António
Almeida Santos, e que presidiu a esta reforma do Código Civil.
Aplausos do PS.
Gostaria de evocar também a Comissão de Reforma presidida por uma notável jurista que, infelizmente, já
nos deixou, a Prof.ª Isabel Maria Magalhães Colaço.
Aplausos do PS.
Contou também, em particular no domínio do direito da família, com o contributo de uma jurista de exceção,
que, felizmente, está ainda entre nós, a Dr.ª Leonor Beleza, a quem devemos grande parte do Código Civil, em
matéria de família.
Aplausos do PS.
Esta é a mais importante reforma feita nos últimos 40 ano na área da justiça, porque foi aquela que mais
profundamente alterou a vida, o dia a dia das pessoas, das famílias, em geral, e, em particular, das mulheres.
É, de facto, isso que justifica e que tem de estar sempre no centro das nossas preocupações: as pessoas.
É por isso que a direita desvaloriza muito aquilo que de fundamental aconteceu no ano passado. Temos
todos boas razões para estar satisfeitos com o facto de termos o melhor défice em 42 anos de democracia e de
podermos ter tido um crescimento superior ao da média europeia. Mas, verdadeiramente, aquilo que de mais
relevante aconteceu no tempo novo, que marcou a nova Legislatura, foram dois factos essenciais. O primeiro
diz respeito ao emprego, com a criação de 118 000 postos de trabalho, em termos líquidos, o que significa que
há mais 118 000 pessoas a trabalhar em Portugal e que não estão no desemprego.
Aplausos do PS.
Mas há, sobretudo, algo de novo que é respirar-se hoje na sociedade portuguesa um novo clima, um clima
de confiança e de tranquilidade.
Quando o INE refere que temos um nível de confiança que atingiu máximos que não alcançávamos desde
2000, por que é que será? Isto acontece, desde logo, porque as famílias deixaram de acordar naquelas tensão
e angústia permanentes de, ao ligar o rádio, não saber se iam ouvir a notícia de que o Governo lhes ia cortar
mais uma vez a pensão ou o salário, ou que a Sr.ª Ministra das Finanças lhes ia aumentar mais uma vez os
impostos sobre o trabalho.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Não se esqueça do que está a dizer!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Essa angústia, felizmente, desapareceu da sociedade portuguesa e hoje as
famílias encaram o seu futuro com confiança.
Aplausos do PS.