9 DE MARÇI DE 2017
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Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, vou procurar centrar-me nas
duas últimas questões, para ver se consigo responder no tempo de que disponho.
Vamos começar pelo Tejo. Em 2016, foram realizadas ações de fiscalização e inspeção em 234 operadores
económicos, foram recolhidas várias amostras e foram emitidos vários mandatos e várias notificações, tendo
sido feitas três participações criminais ao Ministério Público.
Em 2016, conseguiu-se aumentar significativamente a fiscalização no conjunto da bacia hidrográfica.
Recentemente, depois da denúncia sobre dois casos, em 9 e 10 de fevereiro, a APA (Agência Portuguesa
do Ambiente) levantou autos de notícia relativamente a duas situações, a da Centroliva e a da fossa da zona
industrial de Vila Velha de Rodão.
Vai também ser instituído, no âmbito da IGAMAOT (Inspeção-Geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e
do Ordenamento do Território), um piquete de emergência, de forma a dar resposta pronta a todas as situações
de denúncia que vão surgindo e que exigem uma resposta imediata para que as amostras sejam recolhidas o
mais cedo possível e possam ser identificados aqueles que são responsáveis pelas emissões poluentes.
Quanto à violência doméstica, está a ser incrementada a formação dos agentes, porque sabemos bem como
a boa articulação entre as CPCJ (Comissão de Proteção de Crianças e Jovens) e a deteção precoce através
dos agentes são absolutamente essenciais para poder valorizar testemunhos e evitar que seja mantida uma
relação relativamente à qual se vem mais tarde a verificar que, muitas vezes, se chega tarde demais, porque
não foram devidamente valorizados, no momento próprio, os sinais de perigo.
Mas sejamos claros: este é o tipo de crime que, mais do que da polícia, exige a mobilização de toda a
sociedade, porque as mais das vezes se pratica dentro de cada uma das casas. É fundamental que as
vizinhanças e a própria consciência familiar não consintam no silenciar, no perdoar, no adiar dos sinais de
violência.
Ainda no ano passado, pude assistir a uma exposição de fotografia que esteve patente em várias zonas do
País, de uma fotógrafa da Visão, creio, que retratava vários casos de homicídio de mulheres e, em todos eles
ou na sua esmagadora maioria, a morte não tinha sido a primeira ocorrência, quase todos tinham tido
complacência prolongada, perdão ou distração por parte de quem não se podia ter distraído.
De facto, temos de intervir no sentido de uma mobilização conjunta da sociedade.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe para concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Aquele velho ditado de que «entre marido e mulher não se mete a colher» é um
ditado que, de uma vez por todas, tem de ser banido da nossa vida em sociedade…
Aplausos do PS.
… porque tem sido muito responsável pela cumplicidade coletiva em muitos homicídios, e não podemos
consentir nessa cumplicidade.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado André Silva, em nome do PN.
O Sr. André Silva (PAN): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, no âmbito do quadro da descentralização
de competências do Estado para as autarquias, o Governo pretende transferir para as CCDR (comissões de
coordenação e desenvolvimento regional) matérias como o ordenamento do território, o ambiente, a proteção
da natureza, a saúde pública ou o bem-estar animal.