13 DE ABRIL DE 2017
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Portanto, é lamentável que o senhor, em vez de preservar o que está bem, nomeadamente no próprio
Ministério e na agência pagadora que está no ranking da melhor agência europeia, acabe por destruir tudo isso
e talvez, depois, se venha a arrepender.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, ainda bem que insistiu no tema
só para esclarecer o seguinte: as produções agrícolas estão excluídas dessa atualização do IMI.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Ah!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, não tem a ver, de facto, com produção agrícola, não tem a ver com
agricultura, não tem a ver com a isenção moratória por 10 anos relativamente ao cadastro florestal. Tem
simplesmente a ver com propriedade que não é afeta à exploração agrícola, é com isso que tem a ver, Sr.ª
Deputada.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, do Grupo Parlamentar do PCP.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, tem grande atualidade ter trazido
a debate as questões sociais.
Há um mar de problemas que precisam de respostas, mas há um problema de fundo na situação social
portuguesa que precisa de ser considerado e não dado como adquirido. Trata-se do enorme retrocesso
verificado no domínio das relações laborais na última década e meia, que desequilibraram profundamente essas
relações em desfavor da parte mais fraca, os trabalhadores.
Também a matéria de segurança social, com impacto nas prestações sociais e reformas, nos direitos sociais
gerais, nomeadamente na saúde e na educação, exige uma atenção especial e deve ser, quanto a nós, motivo
da sua preocupação.
Isto significa que não podemos aceitar como boa a situação que temos no País. Há dias, embora tendo
passado como «cão por vinha vindimada», segundo o relatório global da OIT (Organização Internacional do
Trabalho) sobre os salários, que reflete o retrocesso nos rendimentos do trabalho, Portugal é dos países onde
o peso dos salários na economia mais diminuiu, é um dos países onde caiu a proporção dos salários no
rendimento nacional, passando de 60% para 52%, em 2014.
Por isso, não estranhe que nos continuemos a bater pela valorização dos salários em Portugal,
nomeadamente pelo aumento do salário mínimo nacional. Este é o resultado da desregulação laboral, da
precariedade dos vínculos laborais, da alteração, para pior, do Código do Trabalho prosseguidas nos últimos
anos, do ataque à destruição da contratação coletiva, matérias que, do nosso ponto de vista, precisam de ser
consideradas com urgência.
O que foi, por nós, antecipadamente anunciado deve ser cumprido. Por isso, a primeira questão que lhe
queria colocar prende-se com o direito à reforma sem penalização dos trabalhadores com longas carreiras
contributivas, com 40 anos de descontos, como temos defendido e voltamos a defender.
A proposta do Governo defrauda a generalidade dos trabalhadores nesta situação. Eles acreditaram, Sr.
Primeiro-Ministro, que não iam ter de trabalhar até ao limite das suas forças e da sua vida, ou, se quiser,
acreditaram nas suas palavras e posicionamentos em debates quinzenais anteriores. Pode dizer-se que o
interpretaram mal mas, e sei do que falo, constitui um sentimento de desilusão profunda a proposta que foi
colocada. E é por isso que perguntamos até onde é que o Governo está disponível para encontrar uma solução
mais justa.
Falou, e bem, aqui, das crianças que não tiveram tempo de ser meninos, é verdade. Espero que o Governo
permita àqueles que envelheceram ter uma velhice digna através de uma reforma sem penalizações.