I SÉRIE — NÚMERO 75
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Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, a proposta está em apreciação
quer com os partidos na Assembleia da República, quer com os parceiros sociais.
Como expliquei, não é uma proposta fechada e temos dois princípios, para nós, absolutamente fundamentais:
assegurar a maior justiça possível e assegurar a sustentabilidade indispensável ao futuro da segurança social.
O que aconteceu nos últimos anos foi duplamente penalizador, quer pela base do aumento da idade da
reforma, quer pelo facto de o fator de sustentabilidade ter aumentado significativamente. Se fizermos uma linha
do que seria a evolução do fator de sustentabilidade com a reforma de 2007 e com o entorse que foi introduzido
com as alterações em 2012 e 2013, verificaremos que o fator de sustentabilidade quase que duplicou o seu
peso na penalização das reformas e isso agravou a situação de injustiça.
Estas são as linhas com que nos temos de guiar. Fazer justiça é mais urgente do que nunca fazer, tendo em
conta a dupla penalização de que as pessoas estão a ser vítimas, mas assegurando a sustentabilidade futura
da segurança social.
Acho que temos de trabalhar, e temos margem para isso, para encontrar um bom resultado que dê resposta
às pessoas e que, como o Sr. Deputado disse, assegure àqueles que não puderam ser meninos que possam,
ao menos, ser idosos com dignidade na sua vida.
Foi por isso que já foi introduzido o complemento solidário para idosos e foram eliminados os cortes no
complemento solidário para idosos. Foi por isso que aprovámos, com o PCP, no último Orçamento do Estado,
o aumento extraordinário das pensões, que entrará em vigor em agosto. Foi por isso que repusemos e
eliminámos os cortes das pensões e é por isso também que vamos corrigir a penalização que existe na
antecipação da reforma, tendo em conta o tempo das carreiras contributivas e a idade com que as pessoas
iniciaram a sua atividade. Temos de ter isso em conta e iremos ter em conta.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, faço-lhe um apelo: quando estiver
a decidir sobre esta matéria pense, por exemplo, em alguém que começou a trabalhar aos 14 anos e que aos
60 já tem 46 anos de desconto para a segurança social.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — É um exemplo concreto que nos deve levar à reflexão e à procura da
solução.
Existem outros problemas sociais, como referi no início da minha pergunta, e permita-me que destaque aqui
a questão do setor da saúde. Há problemas sérios que resultam da forma como tem sido feita a gestão dos
recursos humanos que atingem toda a Administração Pública, nomeadamente a questão dos vínculos, dos
cortes nos salários, do congelamento das carreiras, da reposição do pagamento das horas extraordinárias no
setor da saúde, é o não se ter avançado no reajustamento das listas de utentes dos médicos de família ou ainda
não se terem reabilitado os edifícios. Faltam médicos e profissionais de saúde, faltam condições de trabalho,
faltam condições de atendimento e há carência nas urgências.
A primeira consequência é para os profissionais mas a consequência mais dura é para os próprios utentes
do Serviço Nacional de Saúde.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Por isso, aumenta a conflitualidade e há consequências, como as que
se vivem no Centro Hospitalar do Barreiro-Montijo, que trouxe recentemente à rua, numa marcha de protesto,