13 DE ABRIL DE 2017
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mais de 1500 utentes, ou a que levou à paralisação dos enfermeiros da ACES (Agrupamentos de Centros de
Saúde) de Lisboa Norte pela contratação de profissionais em falta ou a dos assistentes operacionais, de outros
técnicos de saúde, da população de São João do Campo contra a perspetiva de encerramento da extensão de
saúde e ainda o abaixo-assinado entregue em Espinho, com mais de 10 000 assinaturas, pela reabertura da
urgência hospitalar. É agora anunciada uma greve dos médicos. Também os trabalhadores dos museus vão
recorrer a essa forma superior de luta.
É por isso que lhe pergunto, com sentido construtivo mas preocupado, Sr. Primeiro-Ministro: para quando
uma intervenção decisiva na resolução dos problemas que afetam o acesso à prestação de cuidados de saúde
no Serviço Nacional de Saúde? Temos grandes preocupações sociais, preocupações laborais, mas esta coisa
da saúde diz muito ao povo português. Está nas nossas mãos conseguirmos um forte e melhor Serviço Nacional
de Saúde.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, há uma coisa que gostaria de
lhe assegurar: quando estivermos a decidir as questões relativas às reformas, teremos em conta o futuro do
sistema da segurança social, mas teremos também em conta o passado de quem começou a trabalhar em
condições nas quais hoje, felizmente, já não se começa a trabalhar. E não tenho muita dificuldade nisso, porque
faço parte de uma geração que viveu em 1969, data em que foi atualizado o limite de idade para começar a
trabalhar dos 12 para os 14 anos, e já era Deputado, quando, em 1991, esse limite foi aumentado para os 16
anos. Portanto, não tenho dificuldade em ter isso presente, porque conheço muitas pessoas da minha geração,
muitos antigos colegas de escola, que tiveram, precisamente, de deixar de estudar para ir trabalhar e,
seguramente, têm direito a reformar-se mais cedo, porque não tiveram a oportunidade que eu tive de poder
concluir os estudos universitários.
Não tenho dificuldade em ter isso em conta, Sr. Deputado, como também não tenho dificuldade em ter em
conta as necessidades que existem no Serviço Nacional de Saúde. Não tenho eu, não tem o Sr. Ministro das
Finanças e muito menos o Sr. Ministro da Saúde, porque todos os dias temos de enfrentar e lidar com as
carências profundas que existem em muitos serviços sociais, quer seja na saúde, na educação, nas forças de
segurança. É por isso que temos estado a fazer um esforço nesses setores, e um esforço significativo, Sr.
Deputado. Só no ano passado, no setor da saúde, ingressaram 4600 novos profissionais, dos quais 1400 novos
médicos, 2000 novos enfermeiros e 1000 novos profissionais, designadamente, assistentes e técnicos de
diagnóstico. O problema é que estes números, sendo imensos, são ainda insuficientes para responder às muitas
necessidades que se foram acumulando.
Mas aquilo que temos por certo e seguro é que, para continuarmos a avançar com segurança, sem recuos
na reposição dos direitos e no bom funcionamento dos serviços públicos, temos de dar passos que vão de
acordo com o tamanho da perna e em solo bem firme. Isto, para não cometermos nenhuma asneira que dê
oportunidade àqueles que estão sempre à espreita de reverterem as medidas de progresso que temos vindo a
conseguir ao longo deste ano e meio. Não, não lhes vamos dar oportunidade de reverter aquilo que estamos a
fazer e que temos de consolidar para que seja uma garantia definitiva e futura para a saúde de todos os
portugueses. É disso que precisamos na saúde.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem, agora, a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, quando falamos de longas
carreiras contributivas e das reformas por inteiro, há uma palavra e uma ideia que têm de nos guiar, e essa ideia
é de justiça, de fazer justiça.
Creio que o Sr. Primeiro-Ministro concordará que 40 anos de carreira contributiva é uma longa carreira
contributiva. Mas o Sr. Primeiro-Ministro diz assim: «Mas há um outro fator que temos de ter em conta, que é o