14 DE ABRIL DE 2017
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A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra, efetivamente, a situação de que aqui falei é do
conhecimento do SEF, que, aliás, na própria notícia, também reconhece as empresas que não cumprem a
obrigação legal de regularização perante a segurança social, e esta é uma circunstância suscetível de colidir
com um dos requisitos para a concessão de autorização de residência. Portanto, mais uma vez, são, de facto,
as empresas e não os trabalhadores que estão em falta e, por isso, não podem ser eles os penalizados por
causa das ilegalidades dos empregadores.
Estas situações são absolutamente dramáticas para a vida destas pessoas, mas também têm consequências
muito gravosas para a economia de Portugal, porque se, realmente, não tivermos trabalhadores para a apanha
da laranja, no Algarve, para os olivais, no Alentejo, ou para as estufas, em Odemira, vamos ter problemas muito
sérios.
Os imigrantes que procuram Portugal não são todos, nem sequer o é a maioria, pessoas que procuram este
País como uma plataforma para transitarem para outros países, são, de facto, pessoas que vêm para aqui
trabalhar em busca de uma vida melhor. E só tenho a dizer-lhe, Sr.ª Ministra, que espero que nenhum português
— e sabemos que tantos, nos últimos anos, emigraram para o estrangeiro, em busca de condições de vida
melhor — seja tratado ou esteja a ser tratado no estrangeiro como os imigrantes estrangeiros estão a ser
tratados neste País.
Esta situação já se arrasta há tempo demais, há pessoas que têm todas as condições reunidas para verem
a sua situação regularizada e que esperam há meses, e até há mais de um ano ou dois, por que tudo se resolva.
E estão completamente reféns, completamente num limbo, porque não podem sair do País, não podem fazer
nada,…
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.
A Sr.ª Sandra Cunha (BE): — … não podem ter uma vida minimamente normal e digna.
Portanto, esta é uma situação que tem de ser resolvida de uma vez por todas e o mais urgentemente possível.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Administração
Interna.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Sandra Cunha, também deve
compreender que o SEF não pode atuar à margem da lei e se a lei exige, para a regularização, que a pessoa
esteja inscrita na segurança social o SEF não pode, pura e simplesmente, isentar desse requisito.
Agora, o que podemos ter aqui é um problema legal, mas, como também já lhe disse, a própria lei tem
algumas escapatórias que podem ser utilizadas, precisamente, para legalizar essas pessoas. Só que o impulso
processual tem de partir das próprias pessoas. Se há situações de exploração laboral, o artigo 122.º permite a
legalização; se há situações de natureza humanitária e que já estão tipificadas na própria lei, como, por exemplo,
a inserção numa relação laboral há 12 ou mais meses, também o artigo 123.º da mesma lei permite resolver
essas situações. Dei-lhe o exemplo de duas disposições legais que as pessoas podem usar; se as usam ou não,
desconheço, mas, se usam, então, não percebo o que se passa e irei analisar esses casos.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra o Sr. Deputado António Filipe.
O Sr. António Filipe (PCP): — Sr. Presidente, Sr.ª Ministra da Administração Interna, nós vamos continuar
com este tema da imigração, porque a imigração não deve ser um problema, a imigração é um contributo para
o País. Pessoas que queiram trabalhar em Portugal, que vejam em Portugal a possibilidade de terem melhores
condições de vida do que têm nos países de origem não devem ver nisso um problema, nem isso deve ser, de
maneira nenhuma, um problema para o País.