I SÉRIE —NÚMERO …
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Perguntava, pois, Sr.ª Ministra, que medidas vai tomar.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra a Sr.ª Ministra da Administração
Interna.
A Sr.ª Ministra da Administração Interna: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado, neste ano o
DECIF vai funcionar com algumas alterações. Nomeadamente, como é do conhecimento público, há um reforço
da participação dos militares do Exército nas operações de rescaldo. Esses militares não vão combater
incêndios, mas vão estar, a montante, nas operações de vigilância e, a jusante, nas operações de rescaldo, uma
atividade extremamente importante, na medida em que muitos dos grandes incêndios florestais resultam de
reacendimentos e de rescaldos mal feitos. Mais que não seja, isso é importante para os nossos bombeiros, que
são os combatentes, poderem descansar e não serem convocados para este tipo de operações, para, enfim,
poderem fazer aquilo que verdadeiramente sabem, que é combater incêndios.
Também vamos ter em permanência um helicóptero para ações de coordenação aérea. Não é um helicóptero
de combate a incêndios, mas apenas para ações de coordenação aérea, precisamente para tornar a ação mais
efetiva.
Reforçámos, com bombeiros integrados no dispositivo permanente, algumas regiões do País, sobretudo
aquelas que são mais deficitárias em termos de corpos de bombeiros, precisamente para elevar o nível de
ataque inicial, porque é no ataque inicial que se resolvem os problemas, e não deixar o incêndio progredir.
Foram também sendo reforçados os cursos de treino operacional, e isso tem resultados. Se repararem, no
ano passado, tivemos grandes incêndios em grandes teatros de operações, em situações muito difíceis, e não
houve registo de nenhum incidente mortal. Porquê? Porque a segurança — das pessoas, em primeiro lugar —
tem de ser um objetivo deste DECIF.
Também vamos ter em permanência três equipas de análise e uso do fogo, da FEB (Força Especial de
Bombeiros), precisamente para auxiliar o comando na definição de estratégias de combate mais eficazes.
Além dos 1320 militares do Exército devidamente formados e equipados, também vamos ter dois pelotões
da Marinha, nomeadamente fuzileiros, num total de 60 militares.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para formular perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Elza
Pais, do PS.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Sr. Presidente, Srs. Secretários de Estado da Administração Interna e dos Assuntos
Parlamentares, Sr.as e Srs. Deputados, Sr.ª Ministra da Administração Interna, num quadro geral de descida da
criminalidade, verifica-se que a violência doméstica continua a ocupar um dos lugares cimeiros, o segundo lugar,
neste quadro da criminalidade. Registou-se, inclusivamente, um aumento de 1,4%, mais 304 ocorrências, mas
também sabemos que, em regra, estes aumentos se devem a dois motivos: por um lado, a uma maior eficácia
no seu combate e, por outro, a uma desocultação do fenómeno.
Cruzando estes dados com os da Agência dos Direitos Fundamentais, sabemos que apenas um terço deste
tipo de violência é denunciada. Portanto, o que nos preocupa é aquilo que continua a não se ver.
Por isso, quero elogiar o Governo pelo extraordinário trabalho que tem feito na prevenção e no combate à
violência doméstica, com a abertura de espaços para tipos específicos de vítimas, nomeadamente vítimas de
violência sexual, uma vez que ainda não havia nenhum espaço destinado a este tipo de criminalidade, com o
reforço da territorialização das ações e, sobretudo, com a campanha contra a violência no namoro.
Gostava de fazer-lhe uma pergunta relativamente à avaliação de risco. A avaliação de risco é um instrumento
que tem cerca de 10 anos e que tem vindo a ser aprofundado, um instrumento muito importante, uma mais-valia
na intervenção estratégica e no combate à violência doméstica. É reconhecido o seu impacto positivo no
policiamento da violência doméstica, nomeadamente no que diz respeito ao acionamento de mecanismos de