I SÉRIE — NÚMERO 81
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do acesso a fundos comunitários na área da ciência, mediante parcerias entre o Instituto Ricardo Jorge e a
Universidade Nova de Lisboa, por um lado, e, a Universidade do Porto, por outro.
Não temos conhecimento de qualquer parceria com o Grupo Mello mas, simplesmente, a ligação entre este
laboratório do Estado e duas universidades por forma a terem mais massa crítica para poderem concorrer aos
programas do Horizonte 2020. É isto que sabemos e é isto que permitirá continuar a reforçar a atividade do
Instituto Ricardo Jorge.
Quanto ao princípio, também é relativamente simples: é conhecida — disse-o, aliás, publicamente na altura
em que foi aprovado — a minha própria divergência com o tratado orçamental, mas também sempre disse que,
estando em vigor, devemos cumpri-lo.
Aquilo que consta do Programa de Estabilidade não tem novidade nenhuma, traduz, simplesmente, o
cumprimento de um tratado que cumpriremos enquanto ele existir, um dia que seja revisto, e desejamos que
seja revisto, poderemos evoluir relativamente àquilo que temos de cumprir.
Há algo que não tem qualquer contradição, nem tensão, mesmo que por vezes seja difícil, que é
compatibilizar essas regras com os compromissos que assumimos, designadamente com o Bloco de Esquerda.
Em 2016, ao contrário do que o PSD dizia, foi possível cumprir ambos os compromissos. Em 2017, mais uma
vez, demonstrámos no Orçamento do Estado que era possível cumprir ambos os compromissos. E iremos fazer
o mesmo em 2018, em 2019 e, se for vontade mutua, poderemos continuar a fazê-lo também em 2020 e anos
subsequentes. Para já vamos cumprir em 2017, em 2018 e em 2019 e vamos cumpri-lo sem novidade nenhuma.
Aquilo que acordámos em matéria de revisão de escalões é aquilo que teremos de fazer. Aquilo que
acordámos em matéria de desbloqueamento das carreiras é aquilo que teremos de fazer. Aquilo que
combinámos em matéria de reformas antecipadas é o que teremos de fazer. Como sempre temos encontrado
soluções para problemas que são difíceis, porque muitas vezes sabemos que, obviamente, existe essa tensão.
O que temos feito até agora e com sucesso? É, identificando os problemas, de uma forma positiva e
construtiva, encontrarmos soluções e formas de compatibilizarmos isso. Da nossa parte é o que continuaremos
a fazer, da vossa parte, estou certo, é o que continuaremos a fazer e, assim, daremos cumprimento àquilo que
nos comprometemos fazer. Pela nossa parte, conte connosco, iremos cumprir tudo o que acordámos com o
Bloco de Esquerda.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Catarina Martins.
A Sr.ª Catarina Martins (BE): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, estou certa de que continuaremos um
trabalho que é seguramente difícil, mas sabe também que o Bloco de Esquerda não vira costas a dificuldades.
Mas quero voltar ao Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge para lhe dizer que, então, é bom que
o Ministério da Saúde e o Ministério da Ciência esclareçam verdadeiramente todos os parceiros da saúde do
que está em causa, porque há um documento escrito, que foi entregue, para pensar o futuro do Instituto Nacional
Ricardo Jorge e que contraria a ideia que, agora, o Sr. Primeiro-Ministro deu e que parece sossegar-nos em
parte.
Então, sejamos claros, porque o que se diz é que, da parte do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, haveria uma pertença do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge ao consórcio de saúde a
criar na Universidade Nova de Lisboa. Ora, esse consórcio existe, chama-se «Tagus TANK» e é do Grupo Mello,
e isto é absolutamente inaceitável.
Por outro lado, este documento prevê ainda uma adequação de recursos que tenha a ver com a nova
configuração organizacional e programática que venha a ser dada ao Instituto Nacional Ricardo Jorge. Ora, se
estamos a falar de fundos para investigação, se calhar não precisamos de mexer assim tanto na organização
do Instituto Ricardo Jorge. E, portanto, seria bom, seguramente, clarificar esta matéria, porque não são a Ordem
dos Médicos, a FNAM (Federação Nacional dos Médicos) e a Associação Nacional dos Médicos de Saúde
Pública (ANMSP) que são alarmistas, o Instituto Ricardo Jorge é muito importante para o País.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Queira terminar, Sr.ª Deputada.