I SÉRIE — NÚMERO 81
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apregoaram foi em 2008, casa e rima com a dívida mais alta da democracia, nessa altura e agora também
infelizmente.
Já sabíamos que a dívida dos hospitais EPE (Entidades Públicas Empresariais), que o ano passado tinha
crescido à razão de 30 milhões/mês, nos dois primeiros meses deste ano cresceu à razão de 63 milhões/mês.
Mas o que ficámos a saber esta manhã, Sr. Primeiro-Ministro, e sobre isto queria questioná-lo, foi que, neste
momento, aquilo que os hospitais fazem é pedir dispositivos médicos às empresas, à consignação, sem nota de
encomenda e, portanto, sem sequer gerar um contrato ou uma dívida, e isto vai correndo até que esses
dispositivos sejam usados, e em muitos casos são consumíveis, e só depois é que aparece a dita nota de
encomenda e o pagamento.
Pergunto, Sr. Primeiro-Ministro, se tem conhecimento desta situação e qual é o montante da dívida que está,
assim, escondida e sonegada no SNS.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Assunção Cristas, agradeço as suas perguntas.
De facto, temos o dever de falar também do défice, porque estamos sujeitos a obrigações que temos de
cumprir. E é, aliás, com satisfação que lhe digo que acabam de ser revelados os dados da execução dos
primeiros três meses deste ano, que demonstram que o défice, este ano, baixou mais 290 milhões de euros
relativamente a idêntico período do ano passado…
Aplausos do PS.
… e que o excedente primário cresceu 280 milhões de euros relativamente ao 1.º trimestre do ano passado.
Por isso, pode estar tranquila que também este ano o défice vai no bom caminho, não obstante estarmos a
cumprir os compromissos que assumimos com os portugueses, com Os Verdes, com o PCP e com o Bloco de
Esquerda, termos reposto integralmente os vencimentos na função pública, termos reposto as 35 horas de
trabalho na Administração Pública, termos reposto os cortes nas pensões, termos reduzido a carga fiscal e
continuarmos a reduzir o défice. Sim, estamos a cumprir todos os compromissos que assumimos! E é assim que
faremos também relativamente às dívidas na saúde, que este ano, comparativamente com o ano passado, estão
a um nível idêntico…
Protestos do CDS-PP.
… e chegaremos ao final do ano de modo idêntico.
É verdade que, no mês de fevereiro, houve um aumento anómalo relativamente às notas de crédito, mas,
em março, já retomaram a normalidade e chegaremos ao final do ano em normalidade, como fizemos no ano
passado.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, novamente, a palavra a Sr.ª Deputada Assunção Cristas.
A Sr.ª Assunção Cristas (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, pergunto-lhe sobre dívida e
sobre dívidas da saúde e o Sr. Primeiro-Ministro responde-me com défice. Portanto, tenho de voltar a fazer a
pergunta: qual é o montante das dívidas na saúde, neste momento, e qual é o montante dessas dívidas que
nem sequer estão reportadas, que nem sequer têm nota de encomenda, mas, na verdade, são dívidas
sonegadas e escondidas «debaixo do tapete»?!
Aplausos do CDS-PP e do Deputado do PSD António Leitão Amaro.