I SÉRIE — NÚMERO 92
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atualidade e urgência incontornáveis. É indispensável uma política dirigida à defesa, modernização e
desenvolvimento do aparelho produtivo do País, de apoio e defesa das micro, pequenas e médias empresas
(MPME).
Nós sempre insistimos na necessidade desse apoio como elemento indispensável na resposta aos graves
problemas económicos nacionais e temos apresentado soluções concretas para esses problemas.
Portugal precisa de investimento para reforçar a inovação, a investigação e desenvolvimento na produção;
precisa de aproveitar os projetos públicos para dinamizar setores produtivos e apoiar as MPME a reduzir a fatura
energética, a subir na cadeia de valor e a melhorar o seu desempenho em geral.
Mas aí está o domínio monopolista sobre setores estratégicos — energia, comunicações, etc. — e a carga
fiscal às MPME que é desigual face aos grupos económicos. Aí está a banca a exigir comissões, despesas de
manutenção e outros custos administrativos sem qualquer razoabilidade. Aí estão os critérios de acesso aos
fundos comunitários com regulamentos, aprovados pelo anterior Governo PSD/CDS, complexos,
burocratizados, inacessíveis para a imensa maioria das MPME. Aí estão 96% das empresas portuguesas fora
do programa Portugal 2020.
Portugal precisa de promover a produção e a produtividade, o crescimento, o emprego; e precisa de afirmar
o seu projeto soberano de desenvolvimento, o que exige a libertação dos constrangimentos externos e
nomeadamente do euro. O quadro fundamental desta moeda a que o País está submetido é um quadro que
facilita as importações e que dificulta a substituição de importações por produção nacional.
Não concorda o Sr. Ministro que é indispensável avançar nesse caminho de apoio às micro, pequenas e
médias empresas, com medidas concretas que respondam aos problemas sentidos e identificados pelos
empresários, desde logo, na eliminação de burocracias desnecessárias, na facilitação do acesso ao
financiamento e aos apoios ao investimento, mas também na questão de fundo da libertação dos
constrangimentos externos?
A verdade é que o euro continua a ser um autêntico «fato à medida» de grandes potências como a Alemanha
e uma «camisa-de-onze-varas» para Portugal e seus setores produtivos.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando
Virgílio, do PSD.
O Sr. Fernando Virgílio Macedo (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Ministro da Economia, saúdo, em primeiro
lugar, o Partido Comunista Português por trazer ao debate as políticas sobre o desenvolvimento da produção
nacional.
A defesa da produção nacional, a defesa do consumo daquilo que é português deve ser um desígnio de
todos nós, independentemente de partidos, de ideologias e de governos.
Todos nós, hoje, temos consciência de que a valorização da nossa produção, da produção daquilo que é
português, da substituição de importações por produção portuguesa e do aumento da exportação é o caminho
que faz crescer a nossa economia.
Sr. Ministro, tenho pena que a sua prática governamental não seja compatível com a sua retórica. V. Ex.ª,
falar, fala e os Srs. Deputados do Partido Comunista Português também falam, mas, efetivamente, vemos muito
pouco relativamente a políticas que promovam o crescimento económico em Portugal.
Sr. Ministro, vamos falar a verdade: fossem os empresários portugueses tão pouco ambiciosos como este
Governo, não se estivesse no início de um novo quadro comunitário de apoio e não tivéssemos uma conjuntura
internacional extremamente favorável, certamente, o crescimento em Portugal não seria aquilo que é hoje em
dia.
Vou dar dois exemplos de como a prática do Governo não é compatível, não é consistente com a sua retórica.
Primeiro, a reforma do IRC (imposto sobre o rendimento de pessoas coletivas): quando este Governo tomou
posse, havia um acordo para baixar a taxa do IRC para as empresas.
Srs. Deputados, quando se fala em baixar a taxa do IRC não se está a falar em diminuir a tributação das
empresas para elas aumentarem os dividendos aos seus acionistas. Não é disso que estamos a falar! Quando