25 DE MAIO DE 2017
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das multinacionais. E podem processá-los, não no tribunal dos Estados mas, sim, em tribunais arbitrais, como
muitas multinacionais gostam. Trata-se, portanto, de um grande jeito que a Europa está a fazer às multinacionais
através do CETA.
Sr. Ministro, o Parlamento Europeu produziu um relatório sobre os efeitos da entrada em vigor de um tratado
semelhante, mas com os Estados Unidos da América, designado TTIP and Jobs, que aponta para elementos
que nos deveriam fazer pensar duas vezes quando nos referimos ao CETA, porque, segundo esse relatório do
Parlamento Europeu, se e quando o TTIP entrar em vigor na sua plenitude, 1 milhão de europeus perderá o seu
emprego e os resultados desse Tratado, em termos económicos, são absolutamente residuais.
O que interessa saber é se o Governo está na posse de algum estudo que possa fazer uma previsão dos
impactos do CETA na nossa economia e ao nível do emprego ou, melhor, do desemprego no nosso País. Como
não conseguimos vislumbrar de que forma é que esse Tratado com o Canadá pode contribuir para a dinamização
da nossa produção nacional e da nossa economia, a pergunta que deixo, Sr. Ministro, é a seguinte: o Governo
considera que o CETA vai contribuir para fortalecer a produção nacional e a nossa economia ou representará a
golpada final na vida das micro, pequenas e médias empresas do nosso País?
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá, do
PCP.
O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro da Economia, a eletricidade e os
combustíveis são determinantes na esfera produtiva, seja nas indústrias extrativa e transformadora, seja nas
pescas, na agricultura, na exploração florestal ou nos diversos sistemas logísticos associados a estas atividades.
É, pois, uma evidência que o desenvolvimento destes setores económicos requer energia a preços adequados.
Mas não é isso que acontece no nosso País, Sr. Ministro. Na realidade, as empresas portuguesas são
esmagadas pela fatura energética. Veja-se, por exemplo, o caso de uma empresa industrial de Coimbra, visitada
pelo PCP nas suas jornadas parlamentares, em que os custos com a eletricidade e o gás são superiores aos
custos com os salários ou com a matéria-prima.
Assim, pergunto, Sr. Ministro: como é que se pode querer dinamizar a produção nacional e, ao mesmo tempo,
permitir que os preços da energia se mantenham a níveis incomportáveis para as empresas?
Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Ministro da Economia, a política energética em Portugal está, hoje,
completamente subordinada aos interesses dos grupos monopolistas. Isso é o resultado de erradas opções no
passado, de privatização das grandes empresas energéticas, como a EDP, a REN, a Galp ou a Transgás, da
liberalização dos mercados energéticos e do desmantelamento do sistema de planeamento e controlo público
do sistema energético nacional.
É nestas erradas opções de sucessivos governos que reside o motivo pelo qual as empresas, e também os
particulares, suportam hoje custos energéticos excessivos, ao mesmo tempo que os grandes grupos
económicos do setor arrecadam lucros exorbitantes.
Algumas medidas propostas pelo PCP e já aprovadas, como o apoio à gasolina da pequena pesca artesanal
e costeira, a redução do preço do gás de garrafa ou a continuação da tarifa regulada na eletricidade são primeiros
passos. A estes devem seguir-se outros, visando garantir que o setor energético é colocado ao serviço da
melhoria das condições de vida das populações e do pleno aproveitamento das capacidades produtivas
nacionais.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (Jorge Lacão): — Para responder ao conjunto de pedidos de esclarecimento, tem
novamente a palavra o Sr. Ministro da Economia.
O Sr. Ministro da Economia — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados,…
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Era melhor começar por responder a Os Verdes, Sr. Ministro!