I SÉRIE — NÚMERO 94
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O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — É grave aquilo que os Srs. Deputados estão a fazer porque estão
a pôr de parte um instrumento essencial, que é a concertação social, fundamental para garantir a paz e a coesão
social.
E, Srs. Deputados, isto é fundamental porquê? Porque há aspetos que temos de ter em conta quando
propomos alterações à legislação laboral. Desde logo, temos de ter em conta que é preciso garantir, por um
lado, a competitividade das empresas, porque é com empresas competitivas que vamos garantir que se geram
postos de trabalho, e, por outro lado, o emprego estável, o emprego digno. E, Srs. Deputados, digo-vos que esta
tem sido uma marca deste partido. De facto, a preocupação com o trabalho digno não envolve ideologias, a
preocupação com o trabalho digno envolve-nos a todos, mas tem de ser feito também com a devida atenção
que o assunto merece.
O Sr. Adão Silva (PSD): — Muito bem!
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — Mesmo a terminar, gostava de dizer ao Sr. Deputado José Soeiro
que era importante que os Srs. Deputados — e pergunto se estão dispostos a isso — se reunissem com o
Governo de forma concertada, de maneira a garantir que estes assuntos passam pela concertação social,
porque melhor do que ninguém a concertação social estará em condições de, juntamente com os patrões e com
os trabalhadores, encontrar as soluções mais eficazes, as soluções mais justas para garantir, efetivamente, um
trabalho digno. É isso que nos deve preocupar e não devem ser as eleições autárquicas que devem mover este
tipo de atitudes e a marcação destes debates potestativos.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado José Soeiro, do Grupo Parlamentar do
Bloco de Esquerda.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Carlos Monteiro, devo dizer que
apreciei a sua intervenção.
O Sr. Deputado fez duas perguntas: como vai votar o Bloco de Esquerda os projetos? De acordo com o que
defende, vai votar favoravelmente os projetos do PCP? Com certeza que sim! Os projetos do Bloco de Esquerda
serão votados? Obviamente que sim! Se apresentamos os projetos de lei é para que eles sejam votados, e
serão votados, com certeza, respeitando os prazos do Regimento.
Aplausos do BE.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Será só na próxima sessão legislativa!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Aparte este esclarecimento regimental, o que é extraordinário, Sr.
Deputado — gostava de o informar sobre isso —, é que este agendamento potestativo não é sobre o Regimento
da Assembleia da República, é sobre uma matéria um pouco mais substancial, que é o combate à precariedade
e às injustiças, às normas de perpetuação da precariedade, de amordaçamento dos trabalhadores que o CDS
e o PSD incluíram no Código do Trabalho.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Neste caso, foi o PS!
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — E, sobre a substância, mais uma vez, o Sr. Deputado não disse nada.
Eu não esperava que o CDS viesse opor-se às normas que o próprio CDS aprovou, mas, Sr. Deputado, a
discussão que aqui estamos a fazer hoje é a de saber se é aceitável que um jovem, apenas pelo facto de ser
jovem, ou um desempregado, apenas pelo facto de ser desempregado de longa duração, possam ter contratos
a prazo, mesmo para funções permanentes, ou que uma empresa que empregue até 750 trabalhadores possa