I SÉRIE — NÚMERO 94
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por ser uma forma de esconder o que realmente está em causa. E o que está em causa não é a liberdade das
partes, mas, sim, uma imposição das entidades patronais, uma imposição dos patrões. É uma ordem e é assim
que, neste caso, deve ser entendida, quando falamos de liberdade das partes.
Entretanto, todos conhecemos as consequências, para quem trabalha, da desregulação do tempo de
trabalho, nomeadamente, no que se refere à procura de conciliação da vida profissional com a vida familiar, uma
circunstância que penaliza, em primeiro lugar, as mulheres, como, de resto, mostram todos os estudos sobre a
matéria.
Portanto, Os Verdes acompanham os autores dos projetos que pretendem eliminar os regimes do banco de
horas individual.
Quanto à contratação a termo, Os Verdes reafirmam a sua posição sobre a matéria, que é, aliás, muito clara:
é necessário remover a mentira das relações laborais. Os contratos a termo têm de voltar a ter uma natureza
excecional e aquilo a que temos vindo a assistir — e que é necessário impedir — é que a exceção se transforma
em regra. É para aí que caminhamos, ou será para aí que caminharemos, se não se tomarem medidas. Basta,
aliás, olhar para os números para constatar a verdadeira invasão de contratos a termo no nosso País, que já
foram aqui bem referidos pelo Sr. Deputado José Soeiro.
Trata-se de uma realidade que atinge, sobretudo, os jovens, que assim se vêm impedidos de fazer projetos
de vida e de programar o seu futuro, porque os vínculos não permanentes provocam níveis mais altos de
instabilidade e de insegurança laboral.
Importa, ainda, referir que os contratos a termo são uma das faces visíveis da precariedade, que tomou conta
da nossa realidade laboral, precariedade que é necessário contrariar e combater de forma decidida, como resulta
também da Posição Conjunta que o Partido Ecologista «Os Verdes» estabeleceu com o Partido Socialista.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, as opções políticas assentes nos baixos salários e no trabalho sem
direitos, que marcaram o anterior Governo, PSD/CDS, assim como as várias alterações legislativas em matéria
laboral constituíram fatores determinantes para a generalização da precariedade laboral no nosso País, para a
degradação das condições de trabalho e para a fragilização dos direitos laborais.
A este propósito, é sempre oportuno lembrar que, quando falamos de precariedade laboral, estamos a falar
de relações laborais à margem da lei, de atropelos aos direitos de quem trabalha, de violação de direitos
fundamentais, de degradação das condições de trabalho e, ainda, do aumento dos níveis de exploração. Estes
são os factos. Os números são ainda mais cruéis!
Portanto, também nesta matéria, Os Verdes acompanham os autores dos projetos de lei em discussão, não
só porque se pretende repor alguma justiça, mas também porque importa remover a falsidade e a mentira nas
relações laborais.
Aplausos de Os Verdes e do PCP.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente José Manuel Pureza.
O Sr. Presidente: — Sr.as e Srs. Deputados, muito boa tarde.
Para uma intervenção, tem a palavra, em nome do Grupo Parlamentar do PSD, a Sr.ª Deputada Maria das
Mercês Soares.
A Sr.ª Maria das Mercês Soares (PSD): — Ex.mo Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Bloco de
Esquerda agendou potestativamente, para hoje, o debate sobre os regimes do banco de horas individual e da
adaptabilidade individual, através do projeto de lei n.º 533/XIII (2.ª), e sobre a alteração ao regime jurídico
aplicável à contratação a termo, concretizando as recomendações do Grupo de Trabalho para a preparação de
um Plano Nacional de Combate à Precariedade, através da apresentação do projeto de lei n.º 534/XIII (2.ª).
Como não podia deixar de ser, o PCP, com o objetivo de não deixar ocupar o seu espaço político nem de
perder os seus eleitores, apresentou, de imediato, não dois, mas três projetos de lei sobre a mesma matéria…
Protestos do PCP.