8 DE JUNHO DE 2017
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O artigo 53.º da Constituição é muito claro, ao consagrar que é garantida aos trabalhadores a segurança no
emprego. Esse direito é uma expressão direta do direito ao trabalho, previsto no artigo 58.º da nossa Lei
Fundamental, e que consubstancia um verdadeiro estatuto da vida dos trabalhadores.
No âmbito da proteção destas normas constitucionais, estão também abrangidas todas as situações que
traduzam modelos injustos e injustificados de precariedade da relação de trabalho.
Mas a nossa Constituição não se limita a defender o direito ao trabalho. Consagra e defende um trabalho
com condições dignas, seja de retribuição, segundo a sua quantidade, natureza e qualidade, seja na
organização do trabalho em condições socialmente dignificantes, de forma a permitir a realização pessoal do
trabalhador, assim como a defesa do direito ao repouso, ao lazer, ao descanso semanal e às férias.
Esta Constituição laboral é uma das principais conquistas da Revolução de Abril, que entendeu consagrar o
valor do trabalho como um dos bens essenciais da pessoa humana. E compreende-se que assim seja; a relação
de trabalho não é uma relação contratual qualquer, está em causa a própria pessoa, no seu corpo, na sua
disponibilidade, na sua autonomia e liberdade, é o estatuto da vida e realização pessoal do trabalhador que está
em causa.
A Constituição afirma, por isso, na ordem jurídica portuguesa, o valor «trabalho» como um direito social,
reforçado pelo princípio fundamental da justiça social.
Aplausos do PS.
O mercado de trabalho não pode ser, por isso, um mercado como o de qualquer outro bem económico, em
que prevalece essencialmente a ótica da gestão e do lucro.
Sabemos que não era esta a perspetiva do Governo PSD/CDS.
A coberto do Memorando de Entendimento com a troica e ficcionando objetivos de melhoria da legislação
laboral, o anterior Governo implementou cirúrgicas alterações na lei laboral em que o real objetivo era apenas
alcançar ganhos de produtividade à custa da redução do valor do trabalho e dos direitos dos trabalhadores.
E, por isso, o Governo PSD/CDS avançou com medidas que amesquinharam o valor do trabalho, introduzindo
mais precariedade nas relações de trabalho, reduzindo os salários e aumentando os períodos de trabalho efetivo
sem a respetiva contraprestação salarial.
Os resultados dessas políticas são hoje conhecidos de todos, pelo impacto destruidor que tiveram na
sociedade portuguesa: mais desemprego; mais pobreza;…
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Mentira!
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — … menos qualificações;…
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Mentira!
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — … mais emigração; mais subdesenvolvimento.
Aplausos do PS.
Um País sem confiança, um País cabisbaixo, desacreditado e fragilizado. Felizmente, estes tempos do diabo
já lá vão!…
O Sr. Tiago Barbosa Ribeiro (PS): — Muito bem!
Protestos do PSD.
O Sr. Ricardo Bexiga (PS): — Este Governo, com o apoio da maioria parlamentar que o suporta, deu
prioridade aos objetivos da criação de emprego, do combate à precaridade no setor privado e no setor público,
da valorização do trabalho e dos direitos dos trabalhadores, do combate ao trabalho forçado, do reforço das
políticas ativas de emprego e do relançamento do diálogo social e da negociação coletiva.