8 DE JUNHO DE 2017
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O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Com certeza, Sr. Deputado.
Tem, então, a palavra, em primeiro lugar, a Sr.ª Deputada Isabel Pires.
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, pela sua intervenção, e para
qualquer espectador atento, a lógica obriga a tirar a seguinte conclusão: o Partido Socialista votará
favoravelmente todos os projetos que estão hoje aqui em debate, por três razões muito simples.
Em primeiro lugar — e falou também da palavra dada, palavra honrada —, voltamos a citar, tal como na
intervenção inicial, o Programa do Governo do Partido Socialista, no que toca ao banco de horas: «Revogar a
possibilidade (…) de existência de um banco de horas individual por mero ‘acordo’ entre o empregador e o
trabalhador (…)», numa lógica de necessidade de reequilibrar a legislação laboral. Isto está não só no Programa
do Governo mas também em declarações de Deputados do Partido Socialista feitas no mês passado no que diz
respeito à legislação laboral e às necessidades que foram identificadas, inclusivamente após a análise do Livro
Verde e dos dados que o Livro Verde nos dá sobre as relações laborais e sobre o tipo de trabalho criado em
Portugal.
Portanto, esta é a primeira razão, ou seja, tem de haver alguma consequência.
A segunda razão também tem a ver com o próprio diagnóstico da precariedade, que nos leva, como vinha a
dizer, à qualidade do emprego criado. E, por exemplo, no que toca aos contratos a prazo, hoje, 67,5% dos
contratos de jovens até 24 anos são a prazo.
Sabendo que existe uma melhoria e um avanço nos números do emprego, importa também olhar para a
qualidade do emprego que é criado — parece-me um diagnóstico comum —, nomeadamente no âmbito dos
jovens. Já foi aqui dito que não é por se ser jovem que as únicas oportunidades de trabalho que existem são
precárias. Obviamente, é preciso inovar, mas a inovação não tem de significar precariedade na vida nem falta
de expectativa para o futuro.
O Sr. José Moura Soeiro (BE): — Muito bem!
A Sr.ª Isabel Pires (BE): — Portanto, esta é outra razão pela qual, segundo a sua intervenção, também terá
de votar favoravelmente todos os projetos hoje apresentados.
Em terceiro lugar, sobre os cenários de crescimento económico, que já existem, sobre os dados estatísticos
positivos sobre o emprego, é tudo muito positivo, mas, Sr. Deputado, nada disto será decisivo ou, sequer, terá
força, se as pessoas não sentirem uma melhoria das suas condições de vida, nomeadamente das suas
condições de trabalho.
Assim, para continuarmos a prosseguir o caminho de reposição de rendimentos, de crescimento da
economia, importa olhar para as condições de vida e para as condições de trabalho das pessoas no nosso País.
E, portanto, tal como comecei, e pegando até na parte inicial da sua intervenção, em que nos elencou os
direitos que a nossa Constituição confere, e bem, ao trabalho em Portugal, e sabendo que, nos últimos anos,
em especial, foram fortemente atacados, estamos aqui a ter um debate que tem a ver, em parte, com o que está
escrito no Programa do Governo, isto é, os avanços significativos na vida de quem trabalha.
É preciso responder a esta urgência e cumprir, também, a palavra escrita e a palavra dada no Programa do
Governo, tal como é preciso cumprir as expectativas criadas nos trabalhadores e não ficar refém de acordos
com o patronato. Está o Partido Socialista disponível, ou não, para cumprir essa mesma palavra?
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Tem, agora, a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr.
Deputado António Carlos Monteiro.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Ricardo Bexiga, disse, na tribuna,
«palavra dada, palavra honrada», mas, Sr. Deputado, o problema é quando se dá a palavra a várias pessoas,
dizendo coisas diferentes.
Vozes do CDS-PP: — Ora!