I SÉRIE — NÚMERO 94
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Protestos da Deputada do PSD Clara Marques Mendes.
… e que teve sucessivas alterações na especialidade, tendo o PCP apresentado propostas de revogação
dos bancos de horas e das adaptabilidades.
Protestos do Deputado do PSD Adão Silva.
Mas isso não nos causa estranheza, porque, quando, em 2009 e 2012, em sede de discussão na
especialidade, o PCP propôs aquilo que propõe hoje, em 2017, o PSD fez zero. Abriu a boca para justificar zero,
porque não teve argumento para justificar o agravamento da exploração.
Sr. Deputado Ricardo Bexiga, como aqui dizia, sabemos, desde sempre, que, com o PSD e com o CDS, não
se pode contar para valorizar os direitos dos trabalhadores.
A Sr.ª Clara Marques Mendes (PSD): — E com o PS também não pode contar!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Mas há uma questão muito importante e que importa que seja esclarecida: o PCP
vai sujeitar os seus projetos a discussão e a votação na próxima sexta-feira…
Vozes do PSD: — Ah!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — … e, portanto, há uma oportunidade para corrigir uma injustiça gravosa.
Mais, Sr. Deputado: a urgência desta votação não é uma questão de estratégia política. O que estamos aqui
a discutir — para lá de aberrações que o PSD e o CDS possam dizer — é a vida das pessoas. Estamos a discutir
a vida dos trabalhadores do Pingo Doce, do Modelo e da Key Plastics, que, desde 2013, depois da oferta do
PSD e do CDS, têm a sua vida completamente desorganizada, não têm tempo para acompanhamento dos filhos,
têm menos salário e têm mais horário de trabalho. Portanto, a resolução destes problemas tarda e os
trabalhadores precisam dela como do pão para a boca.
Por isso mesmo, da nossa parte, é inaceitável sujeitar medidas desta natureza ao veto do patronato, em
concertação social.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Faça uma moção de censura!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — A concertação social tem um papel? Tem obviamente. Não é novidade que a
concertação social deve ser ouvida. Deve, mas não deve impedir a Assembleia da República de tomar medidas
que se traduzam na melhoria das condições de vida dos trabalhadores.
Aplausos do PCP e do BE.
Por isso mesmo, da nossa parte, esta questão é muito clara: a concertação social deve ser ouvida? Deve. A
Assembleia da República deve contribuir e tem obrigação de contribuir para a melhoria das condições de vida
dos trabalhadores? Sim.
Cumprir a palavra dada e cumprir a palavra honrada obriga passar da palavra à prática e sexta-feira, por
parte do PCP, temos uma oportunidade para que isso aconteça. É que, Sr. Deputado, ao contrário das amizades
de que aqui falaram o PSD e o CDS, o compromisso do PCP é para com os trabalhadores e o povo. E é nesse
compromisso que continuaremos a intervir, porque o que hoje se vive nas lojas do Pingo Doce, nas lojas do
Continente, em termos de chantagem, de assédio, de intimidação e de perseguição é inaceitável e no século
XXI devia envergonhar todos os Deputados presentes nesta Sala.
Por isso mesmo, da parte do PCP, continuaremos a bater-nos por isto, pela revogação do banco de horas,
seja individual, seja grupal. Sr. Deputado, dei-lhe aqui os exemplos: a chefia do departamento de recursos
humanos da Sonae do Norte dirigiu-se diretamente a uma loja para intimidar os trabalhadores para que estes
aceitassem o banco de horas. Onde está aqui o diálogo? Assente na chantagem e na intimidação? Não está! E
os trabalhadores foram sujeitos a alteração do horário de trabalho.