I SÉRIE — NÚMERO 94
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Mas que consistência, que coerência, tem este Governo, um governo que tem no Parlamento uma maioria
que, claramente, põe em causa o seu propósito de valorização da concertação social?!
Sr.as e Srs. Deputados, já sabemos no que isto deu no passado: deu em acordos assinados e rasgados para
depois se tentar emendar a mão. Isso, mais uma vez, não interessa aos portugueses.
Aplausos do CDS-PP e de Deputados do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para pedir esclarecimentos tem a palavra a Sr.ª Deputada Carla
Barros.
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Filipe Anacoreta Correia, cumpre-me dizer-lhe
que o Grupo Parlamentar do PSD partilha das suas preocupações e daquilo que referiu na sua intervenção.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Que novidade! A sério?!
A Sr.ª Carla Barros (PSD): — Com esta discussão, Sr.as e Srs. Deputados, sobre o banco de horas, um tema
relevantíssimo para o mundo do trabalho e do emprego, e perante aquilo que se passou aqui hoje, o PSD
entende — e suscita essa preocupação ao Partido Socialista e ao Governo, que não está presente, mas,
certamente, ouvirá a nossa mensagem — que é um bom momento para o Governo e o Partido Socialista ligarem
o seu barómetro da confiança, que medirá a credibilidade e a confiança do Governo e do Partido Socialista com
os seus parceiros de coligação. Este é um bom momento para o Governo e o Partido Socialista aferirem se
estão com os parceiros certos para governar o País e erguerem bem alto estas matérias tão importantes do
emprego e do trabalho.
Já não é a primeira vez que o Governo se compromete com os parceiros sociais a discutir temas, como o do
banco de horas, na concertação social e que, depois, como hoje, os seus parceiros de coligação, Bloco de
Esquerda e PCP, furam esse compromisso, permitindo que todos possamos assistir a esta encenação.
Sr.as e Srs. Deputados, aquilo que o PSD pretende saber é, afinal, quem é que engana quem. O PSD está
muito tranquilo a transmitir-lhes esta mensagem: a nós pouco importa, aliás, nada nos importa que o Bloco de
Esquerda e o PCP enganem o Partido Socialista e o Governo para toda a vida. Isso não nos diz respeito.
Aquilo que o PSD não pode permitir — e denunciará sempre que for preciso — é que o Governo e o Partido
Socialista assumam compromissos de discussão de matérias relevantíssimas para o País no seio da
concertação social e permitam este palco ao Bloco de Esquerda e ao PCP que nada mais querem do que marcar
a sua agenda política, mesmo que isso…
Protestos do Deputado do PCP Jorge Machado.
… envolva a fuga aos compromissos que têm para com o Governo em nome do País.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (José Manuel Pureza): — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Filipe Anacoreta
Correia.
O Sr. Filipe Anacoreta Correia (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Carla Barros, começo por
agradecer a sua pergunta e por dizer que, de facto, essa é uma questão que causa muita perplexidade,
perplexidade essa que é partilhada pelos portugueses.
Isto porque, de duas, uma, ou no Parlamento estamos a fazer um exercício sério, e o Bloco de Esquerda e
o PCP têm oportunidade de demonstrar que o fazem com seriedade e retiram consequências daquilo que estão
aqui a dizer (ou seja, não podem deixar de dizer que não apoiam um governo que não promove a sua agenda),
ou estamos aqui a fazer um exercício de faz-de-conta, em que o Bloco de Esquerda e o PCP fingem estar muito
zangados, o PS finge estar sensível aos apelos do Bloco de Esquerda e do PCP, no final do dia não fazem nem