9 DE JUNHO DE 2017
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do 1.º ciclo e, depois — aliás, por proposta do PCP —, generalizámos a todo o 1.º ciclo, e é assim que iremos
continuar a fazer.
Agora, se me pergunta se daqui a um ano todos os problemas estarão resolvidos, digo-lhe já que não. Daqui
a um ano não teremos todos os problemas resolvidos e teremos de continuar a fazer esse trabalho.
O que temos é de ter, primeiro, uma noção muito clara de qual é o caminho a prosseguir, do rumo que temos
de seguir e prossegui-lo, iniciá-lo. É o mesmo que se passa relativamente às outras questões que colocou,
porque, hoje, já há mais 52% dos trabalhadores abrangidos pela contratação coletiva do que havia quando
iniciámos esta Legislatura. Recentemente, aprovámos legislação que agiliza as portarias de extensão para
continuar a alargar o número de trabalhadores abrangidos. Estamos, neste momento, a concluir o processo de
iniciar a resposta para a valorização das carreiras mais longas. Está, neste momento, já em curso um processo
de combate à precariedade na Administração Pública e estamos a preparar o seu alargamento também ao setor
privado. Portanto, estamos a responder.
Neste momento, o Sr. Deputado diz que o aumento do salário mínimo nacional ainda não é suficiente. É
verdade, mas, nos dois aumentos que fizemos, em 2016 e 2017, há acumulado um aumento de 10% do salário
nacional. Hoje, o rendimento disponível das famílias é 3% superior ao que existia. Ao longo do ano de 2016, o
rendimento disponível das famílias aumentou 3%.
Portanto, naquilo que temos de ser firmes e determinados é em prosseguir este rumo, executando as
medidas que temos de executar, para não frustrar as pessoas e dar cumprimento à esperança que as pessoas
depositam no caminho que esta maioria abriu no País. É isto que temos de continuar a fazer.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Primeiro-Ministro, também em relação aos serviços públicos, temos
vindo a acompanhar com preocupação a situação dos transportes públicos.
É verdade que herdou uma situação calamitosa com as empresas públicas de transportes à beira da paralisia,
por falta de investimento, pela redução dos quadros operacionais abaixo das necessidades mínimas, pelo
afastamento dos utentes, motivado pela redução da oferta e pelo aumento brutal dos preços.
É verdade que teve o mérito de atender à justa luta dos trabalhadores e às propostas do PCP e reverteu
criminosas privatizações que teriam implicado custos acrescidos de centenas de milhões de euros anuais para
o Estado e para os utentes, como aconteceu com todas as outras. Mas depois desse impulso inicial têm sido
muitas as promessas e insatisfatórias as medidas efetivas.
A Metropolitano de Lisboa é bem o exemplo disso mesmo. Há mais de um ano que o Governo anunciou a
contratação de 30 maquinistas. Afinal, parece que são só 20 e apenas 10 já iniciaram a formação. São mais 20
as composições paralisadas à espera de manutenção, existem oficinas que foram desativadas, a manutenção
das infraestruturas continua com trabalhadores a menos, as portas de embarque com avarias sistemáticas e as
estações vazias, porque se recusa a contratação de trabalhadores necessários.
A situação não é diferente no transporte fluvial no Tejo, onde a Transtejo e a Soflusa têm vários navios
paralisados à espera de manutenção e uma parte da frota a correr o risco de, a breve prazo, perder os
certificados de navegabilidade.
Sr. Primeiro-Ministro, a resposta a este e outros problemas reclama outra atitude e outras medidas, pelo que
gostaríamos de saber como é que o Governo vai dar resposta a este conjunto de problemas complexos — é
verdade! —, tendo em conta todo o passado histórico recente.
Mas a verdade é esta: exige-se melhores transportes. Há condições para tomar algumas medidas de fundo,
designadamente para estas três empresas que referi?
Como digo, Sr. Primeiro-Ministro, a dialética tem este sentido: o que era verdade anteontem pode não ser
verdade amanhã. E esse ambiente de esperança que se abriu no quadro da nova solução política, da nova fase
da vida política nacional, precisa de ser mantido para que a dialética não funcione e se transforme num outro
sentimento.
Aplausos do PCP e de Os Verdes.