I SÉRIE — NÚMERO 95
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O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o primeiro facto é o de que
hoje já não teve de me perguntar pelo acordo de empresa na Transtejo e na Soflusa, que, como sabe, já está
ultrapassado e aguarda publicação no Boletim do Trabalho e Emprego, o que significa que, desde o nosso último
debate, pelo menos esse passo já foi ultrapassado. E estamos a ultrapassar os outros! No dia 19 de julho entrará
em obras a estação de Arroios e, a partir desse dia, toda a Linha Verde passará a poder ter composições de
seis carruagens, de forma a melhorar o serviço.
O Orçamento do Estado deste ano reforçou em 16 milhões de euros as capacidades de investimento da
Metropolitano e, recentemente, foi apresentado o plano de expansão da rede do metro, que não abrange as 20
estações que outros desejam…
O Sr. João Oliveira (PCP): — Isso é só piada!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … mas que permite densificar o núcleo central da rede, de forma a poder
melhorar o serviço no conjunto de toda a rede.
Esse reforço de investimento está a ser feito também na Carris e na Metro do Porto. Só na STCP (Sociedade
de Transportes Colectivos do Porto) está aberto neste momento um concurso para aquisição de 297 autocarros
e 15 elétricos, no valor total de 70 milhões de euros. Esse investimento também vai ser feito na Soflusa e na
Transtejo.
Agora, como diz e como todos sabemos, o passivo de investimento acumulado ao longo de quatro anos foi
absolutamente brutal, destrutivo, com a perda de milhões de passageiros, na obsessão dos EBITDA (earnings
before interest, taxes, depreciation and amortization) das empresas de transporte. Portanto, era sempre tudo
apresentado muito cor-de-rosa, mas, verdadeiramente, estava tudo muito laranja no estado de funcionamento
daquelas empresas.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, com alguma tolerância, uma última
questão, que é em relação à EDP.
Foram dadas já muitas justificações sobre rendas das empresas de energia. Aquilo que ainda ninguém foi
capaz de explicar é por que é que têm de ser os consumidores a suportar esses milhões de lucros das grandes
empresas de energia e a pagar a eletricidade mais cara da Europa.
Não há justificação para que esta situação se mantenha, criando prejuízos económicos e sociais às pequenas
e médias empresas, aos consumidores, aos setores produtivos e ao País.
É conhecida, há muito, a nossa posição acerca desta história dos CAE (contratos de aquisição de energia)
e dos CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual) ou, se quiserem, das chamadas «rendas
excessivas», que, a nosso ver, são uma imensa fraude que tem valido milhões de euros de lucros monopolistas
a esta empresa.
Estas rendas são o resultado daquilo que foi feito por sucessivos governos e são o pecado original deste
processo: desmembramento da EDP, privatização e liberalização do mercado elétrico. Trata-se de superlucros
derivados da posição monopolista da EDP.
Nos últimos 10 anos, os portugueses desembolsaram a mais, só em CMEC, 2500 milhões de euros, um
número que, nas projeções efetuadas em 2011, haveria de chegar aos 4000 milhões de euros, com a inclusão
de outras prebendas do mesmo tipo. Milhões que, em grande parte, continuam por devolver!
São conhecidas as nossas propostas com o objetivo de pôr fim a tais mecanismos de extorsão dos
portugueses, propostas chumbadas pelas forças políticas que têm estado no governo nos últimos anos.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.