O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

30 DE JUNHO DE 2017

23

aplica um seguro agravado, mas o Governo continua a não reconhecer esse alto risco e a não reconhecer essa

profissão de desgaste rápido; quando temos bombeiros que são enviados para combater os incêndios sem

terem acesso a informação detalhada e atualizada sobre o terreno que vão encontrar; quanto temos bombeiros

há 15 anos com o mesmo equipamento de proteção individual e sabemos que este equipamento tem um prazo

de validade de 5 anos; quando temos um País que só se lembra do valor e da entrega abnegada destes homens

e destas mulheres quando o inimaginável acontece, sabemos que algo está muito mal.

Estes homens e estas mulheres, que se superam no que é a sua resistência à dor, ao sofrimento, ao cansaço,

à fome, à sede, que colocam a proteção e a segurança dos outros como a fasquia mais alta, que, apesar de

todas as dificuldades que enfrentam e da forma como têm sido tratados por sucessivos governos, nunca dizem

«não» nem nunca hesitam em prestar socorro a quem dele precisa, infelizmente, várias vezes, com

consequências desastrosas para eles próprios, estes homens e estas mulheres cumprem muito, muito mais do

que o seu dever e a sua obrigação.

O Governo também tem de cumprir com a sua.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (José de Matos Correia): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José

Miguel Medeiros.

O Sr. José Miguel Medeiros (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Membros do Governo Sr.as e Srs.

Deputados: Para quem, como eu, nasceu, cresceu e vive naquela região e ali desenvolveu a sua atividade de

professor e geógrafo durante mais de 20 anos, esta é, provavelmente, a intervenção parlamentar mais difícil que

me coube fazer.

Ainda por cima, tal como muitos outros, eu estive lá e vi com os meus próprios olhos o horror e a tragédia ao

vivo e pude observar o sentimento de impotência das populações e dos operacionais para combater um fogo

cuja dimensão ultrapassou tudo aquilo a que estamos habituados e a que eu próprio, apesar dos muitos anos

de contato com a realidade dos incêndios, como Deputado, como Governador Civil e como Secretário de Estado,

nunca tinha assistido.

Por tudo isto, a primeira palavra é de pesar pelas vítimas da tragédia e de solidariedade para com os seus

familiares e para com todas as populações daqueles concelhos que, em poucas horas, viram as suas terras

transformar-se em verdadeiros infernos de fogo e destruição.

A segunda palavra é de agradecimento e sentida homenagem a todos os que, de forma corajosa, abnegada

e incansável, estiveram no terreno desde a primeira hora.

Bem hajam por tudo o que fizeram em defesa daquele território e das suas gentes.

Aplausos do PS.

No dia 17 de junho, Portugal viveu um dos dias mais trágicos da sua história recente: 64 pessoas perderam

a vida e mais de 250 ficaram feridas, na sequência dos violentos incêndios ocorridos nos concelhos de Pedrógão

Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.

Acrescem a este balanço danos patrimoniais de vulto: mais de 25 000 ha de floresta ardidos, centenas de

habitações atingidas pelo fogo, cerca de 40 empresas total ou parcialmente destruídas e 300 postos de trabalho

diretamente ameaçados, para além de centenas de equipamentos, de máquinas agrícolas e florestais destruídas

e de 650 km de rede viária danificados.

A dimensão do que aconteceu e o respeito pelas vítimas não admitem, Sr.as e Srs. Deputados, abordagens

oportunistas ou aproveitamentos de natureza política, que seriam totalmente ilegítimos e inaceitáveis.

Aplausos do PS.

Analisando apenas os factos conhecidos e confirmados e as análises técnicas já disponíveis, podemos

afirmar que as consequências catastróficas deste incêndio são a evidência de que o que se passou em Pedrógão